Não é do peso excessivo de publicidade na imprensa escrita, em especial nalgumas revistas, que queremos falar. Mas, já agora, pegando em três exemplares (com datas diversas) de uma revista com grande implantação no mercado, ficamos com a visão de que cerca de 45 % das páginas são publicidade. E esta está preferencialmente (e não inocentemente) colocada nas páginas ímpares. Sabemos que, na ausência de publicidade, seria impossível praticar os preços actuais.
Quando muito, faziam-se duas edições, uma com e outra sem publicidade. Naturalmente que poucos seriam aqueles que optariam pela segunda hipótese, pois sujeitar-se-iam a um preço substancialmente mais elevado. A despoluição tem os seus custos.
Mas do que queremos falar é do “neopateguismo” presente em muita da publicidade que se faz nos nossos dias. Começa a ser irritante a quantidade de termos estrangeiros (ingleses, sobretudo) que por lá pululam. Pelos vistos, parece que um produto é mais sério, mais eficaz, mais in, mais tudo, se vier preferencialmente enfeitado com palavras na língua de Shakespeare.
Pelos vistos, parece que a língua de Pessoa não vende.
Vejamos alguns exemplos, retirados dos três exemplares acima referidos:
Limited Edition Fragance for Women and Men – assim dito deve cheirar melhor;
Pure Performance Absolute Precision – se fosse dito em português, ninguém acreditaria;
The power of dreams / The porsuit of perfection / Swiss watches since 1853 / Leading innovation – se fosse em português, ainda desconfiaríamos que tivesse sido produzido em Rio Tinto;
Drive your way / Feel good, Have fun / Begin your own tradition / Let’s play / Open your mind / Feel the difference / Enjoy the unique / Inspired by you / Get Real / What men want / looking at the future / Great minds think alike / My freedom / Fashion victim / Ideas for life / How far would you go for Love – algum dia podíamos fazer/ser estas coisas se estivesse escrito na lingua do Zé Carrapito de Reguengos de Monsaraz?;
Foot wear / the american brand since 1892 (leia-se eitinenainetitu) – mesmo que tenha sido feito em Felgueiras por crianças, assim ninguém desconfia.
Agora só mais duas que são um must (viram?):
da EDP - Electricidade de Portugal (?) – my energy / powered by nature;
e de HPP Hospital dos Lusíadas (!) – Health of the new generation.
Por agora é tudo.
Como disse um dia o Serguei Littlegod numa das suas songs: Here we keep on going with our head between our ears.
E, valendo-me desse visionário que é Joseph Seed:
ADIO ADIEU AUFWIDERSEHN GOODBYE
Nota: Não se trata de enjeitar a assimilação e adaptação de palavras estrangeiras, que só enriquecem o nosso vocabulário. Futebol e chá são dois bons exemplos (e temos vindo a precisar muito deste para ajudar a digerir aquele...).
4 comentários:
Ouve lá, ó Al:
Queres ser sério, brincalhão, ou quê?
Ana Franil
E porque não havemos de deixar que as empresas "albardem o burro à vontade do dono"?..
Não é disso que o Zé Povinho gosta?..
Pensa na quantidade de revistas cor-de-rosa que existem em Portugal? (e que certamente consideras miseráveis)…
Compara a quantidade de discos vendidos pelos “pimbas” portugueses com a quantidade de discos vendidos por “gente” como a Maria João Pires ou mesmo a Maria João (do Jazz)…
Quais são os programas com maior audiência nos 4 canais nacionais disponíveis?..
Repara que até os iluminados deste governo pagaram uma monstruosidade por uma campanha publicitária de divulgação do “allgarve” (é mesmo para ler “ólgarve”!!!)
Temos o que merecemos…
Muito nice o teu post! É verdadeiramente gorgeous!...
Ok man! Tá-se. Devias era ir fazer jogging para evitares o lifting. Contratavas um Catering e fazias umas festas pagas em Leasing e ias buscar as gajas com um carro do "Rent a Car". Ou então ias num avião Low Coast em voo charter para o All-garve passar uns dias no Pine Cliffs Resort. Pensa bem nestas sugestions. Bye man.
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