terça-feira, 22 de julho de 2008

Especial: última hora para o velho Óscar Valho

Em busca de algum bom senso, equilíbrio e um só peso e uma só medida.
Declaração prévia de interesses: estou-me borrifando nos americanos e já vendi o rancho no Arizona, a casa no Delaware, o condo em LA e o piso em Mannhatan...
A única coisa que ainda mantenho é um hotelzinho de charme em Aspen, Colorado, mas que raio... praticamente ninguém sabe.

Vamos lá a Guantanamo:
- é uma prisão onde estão 270 pessoas (há algumas em Portugal que têm milhares e algumas ainda têm balducho para o xixi e cocó, sabias?)
- todos os detidos vão a julgamento (o que é sensivelmente mais do que se pode dizer de muitos outros casos e países)
- o Supremo Tribunal declarou inconstitucional o anterior modelo porque supostamente não dava suficientes garantias aos arguidos - só mesmo os amaricanos para aprimorar -- estes julgamentos têm regras ditadas pelo Military Commissions Act, que é uma lei aprovada pelo Congresso Americano (esse antro esconso e oficioso)
- as audiências são presididas por um juiz, têm obrigatoriamente júri e pelo menos dois terços do júri têm de estar de acordo para haver condenação (em Portugal salvo duas excepções nem júri tens - e conhecendo os portugueses, se calhar ainda bem...)
- os acusados têm direito a um advogado e a conhecer da acusação bem como um sumário das provas. Em Portugal tens um oficioso que pede justiça no final da leitura da acusação (como foi o meu caso).
- A culpa tem de ser provada «para lá de dúvida razoável» (beyond reasonable doubt - soa familiar?)
- a lei do congresso determina que a tortura não pode servir para obter provas.
- a mesma lei impede qualquer tratamento cruel, desumano ou degradante.
- mesmo se condenados, os réus podem recorrer para a justiça civil.
- mais: o Supremo já autorizou os detidos a recorrer à justiça civil.
- os detidos podem recorrer para os tribunais federais e ir até ao Supremo (que tal esta como garantia, Óscar? Ou achas que o Supremo Tribunal dos States não te oferece garantias jurídicas suficientes? Se calhar preferias ser julgado pelo Supremo do Iémen, da Coreia do Norte ou do Irão do Alimentadoemijado...

Depois reparem neste pormenor delicioso:
- o primeiro a ser julgado vai ser Salim Hamdan, motorista de Bin Laden que não assumiu a culpa do crime de conspiração por ter transportado mísseis terra-ar no veículo em que viajava. O problema é que as acusações terão sido arrancadas sob coacção por ter sido acordado hora a hora durante cinquenta dias...

A verdade não é essa: Salim não assume a culpa porque não transportou os mísseis. Assume a culpa de não ter o selo do jeep em dia e acho que faltou à inspecção no dia marcado. Assume também que faltava um tampão no jerricã do lado esquerdo. Mísseis só se for o plural de missa, de resto nunca ouviu falar.
Quando o acordaram para lhe fazer as perguntas, ripostou: querem ter a maçada de correr as persianas e não me acordarem agora que estava no vale dos lençóis com a Gisele Bundchen? Já acorda brioches para o pequeno-almoço...

Como é que podes comparar as eventuais aleivosias, maus tratos, faltas de garantias dos americonos em Guantanamo com o Karadecuzic que é acusado de vários crimes de guerra e GENOCÍDIO incluindo a morte de 8.000 homens e rapazes no massacre de Srebrenica? Vou refrear os adjectivos para não amuares, mas lá que é ligeiro...


Só mais uma: um soldado israelita disparou uma bala de borracha para o pé de um palestiniano vendado e algemado. O palestiniano foi tratado por um médico militar e sofreu um ferimento ligeiro num dedo do pé.
Abriu os telejornais de todo o mundo. Só a organização B'Tselem -organização israelita(!) de direitos humanos - distribuiu 100 câmaras de vídeo para testemunharem actos de violência contra palestinianos.
O soldado israelita está detido, foi aberto imediatamente um inquérito e o próprio exército não minimizou o caso: «não importa que seja um ferimento ligeiro, não educamos os soldados para que firam os detidos». Até Barak, ministro da defesa, e ele próprio um ex-operacional, condenou o acto: «os guerreiros não se comportam desta maneira».

Na semana passada os israelitas libertaram um terrorista que matou um cientista e um filho de cinco ou seis anos. A mãe em pânico escondeu-se com a filha de 2 anos num armário e sufocou a criança até à morte para a impedir de gritar. Deu autorização para a libertação do terrorista.
Este, por seu turno, foi recebido na sua terra em festa e delírio. E já prometeu que não vai ficar parado. Engordou vinte quilos durante o período em que esteve preso...

2 comentários:

©arloslemos disse...

Até estou tonto, meu! Nem sei que diga. Eu cá resolvia o assunto, de cima a baixo (do post) à moda da China!

Vital disse...

Então, Óscar, embatucaste? Pelo tempo que estás a demorar foste pedir ajuda... ao próprio Mário Soares, esse ícone do esclarecimento. O blogamigo dele não é o Alprazolam é o Al...zheimer.