sábado, 31 de janeiro de 2009

AVE MARIA


BWV 846

Ontem, estivemos no Bar-Restaurante Galeria de Paris


Oito monamis estiveram presentes na tertúlia. O espaço é muuuito interessante! Amplo, com decoração original e uma ambiência muito acolhedora fruto de uma excelente iluminação, da simpatia das funcionárias e dos próprios clientes: gente maioritariamente jovem e muito diversa no estilo e na nacionalidade.
A selecção musical é de bom gosto e, surpresa agradável, não perturba a conversa (que foi de resto muito animada!). Pequenas velas dispersas nas mesas reflectem a luz nos copos de cerveja (da melhor qualidade!) e nos rostos das pessoas. A madeira da sala, omnipresente, absorve o ruído de fundo e dá ao ambiente um conforto singular.
À porta, é colocado um grande guarda-sol (chuva!) onde os fumadores podem apreciar mais confortavelmente os seus cigarros.


O jantar foi também do nosso agrado. Pessoalmente, apreciei em especial o queijo com cebolinho, servido nas entradas, e o arroz de tomate que acompanhou as pataniscas de bacalhau. O café foi servido em chávenas sem pires, um toque de originalidade que se enquadra perfeitamente no ambiente informal do espaço.

Por volta das onze e tal fomos beber um copo ao Bar Casa do Livro. A apreciação não foi tão positiva. À entrada, deparámo-nos com o sempre desagradável cartão de consumo mínimo; o ambiente era menos interessante e menos cosmopolita; a sala para fumadores estava insuportável de fumo e de ruído. Enfim, foi uma desilusão!

Uma última nota para a animação da rua: surpreendente tendo em conta a época do ano, as condições meteorológicas e aquilo que é a tradição da noite portuense.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Convite

Museu Nacional da Imprensa

A Voz (no feminino)



Ainda esperei que algum dos meus amigos se tivesse lembrado e tido a coragem de publicar esta Mulher. De facto, merece o M capital porque é uma mulher com grande classe, grande voz, grande afinação, boa actriz, defensora dos direitos das minorias e nunca fez uma correcção ao nariz!... no país das rinoplastias!...
Só para terem uma ideia da voz, surfem no youtube e comparem mais três ou quatro versões desta mulher no mesmo tema. Dá para ter uma ideia. E depois aqueles agudos afinadíssimos... Posso afirmar, sem receio de ser desmentido, que se considerarmos a voz como istrumento prioritário é a maior cantora do mundo. E vocês sabem como eu sou avesso a comparações e listagens...

Classy

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Pronto, tá decidido...

Pronto, tá decidido! Vou ofercer-me para ajudar o Sócrates. Já disse e volto ao mesmo: sou do contra. Agora que está tudo a zurzir forte e feio no homem, eu estou contra. Não só vou votar nele, como vou oferecer os meus préstimos (para que será que prestam?) para ajudar o inginheiro. Não há nada pior que ver esta mole humana abjecta, inacredivalmente crédula, amorfa, descerebrada, carneirosa, infecta e pútrida que vai sempre atrás do telejornal e lugares-comum que os (sempre repetentes) comentadores debitam de cátedra e em português de segunda.
A escola não funciona, os tribunais não funcionam, a insensatez é a característica essencial dos portugueses, o perigo e a insegurança assomam a cada esquina e minuto, somos o país mais analfabeto da Europa, falido, sem perspectivas de futuro e afinal... estão todos preocupados se o primeiro-ministro está envolvido numa negociata de polichinelo. País da caca! Ide dar uma volta ao jardim da celeste!

Uma Escola sem Muros: novo bestseller na praça...



Biosfera, RTP, 21/1/2009

Cimeira monami6f

O Tulius e eu estivemos, anteontem à noite, no Bar-Restaurante Galeria de Paris. O aspecto é muito simpático. Um único senão: não fazem reserva de mesas. Daí que convém estar lá bastante cedo, por volta da 8 horas. A movida portuense que se prepare, amanhã estamos lá para arrasar!

Leo Alvarez: o swing vindo das pampas


Leo Alvarez é um conhecido guitarrista e compositor argentino. Um músico cheio de talento e bom gosto. Deixo aqui um tema da sua autoria, "Un poco de demora", interpretado pelo próprio, por Pablo Raposo (piano), Pablo Carmona (contrabaixo) e Claudio Risso (bateria).


O Silêncio

Dai-me outro verão nem que seja
de rastos, um verão
onde sinta o rastejar
do silêncio,
a secura do silêncio,
a lâmina acerada do silêncio.
Dai-me outro verão nem que fique
à mercê da sede.
Para mais uma canção.
Eugénio de Andrade, Rente ao Dizer, 25

Lembram-se?



Não me quero armar em saudosista (se calhar até sou um pouco, mas não somos todos?) e muito menos em RTP Memória mas estes Marretas lançaram algumas das mais belas pérolas da TV. Simples, com muito humor, bom gosto, educativas. Ainda se lembram deste Mahna Mahna? ( espero que este não tenha sido já publicado. Kmet, desculpa lá o mau jeito do outro post.)

Isto é cá uma preocupação que eu tenho...

«Segundo um estudo britânico publicado este mês a actividade sexual e a masturbação estão associadas ao risco de cancro da próstata».

Portanto, quero dizer que estamos lixados. Oficial e duplamente. Não há margem para dúvidas para nenhum dos meus amigos. Nem quanto à primeira deriva, nem quanto à segunda causa.
Mas calma.
«O alerta é dirigido a todos os homens com menos de 40 anos».
Ah, afinal estamos safos, dizemos todos enquanto aliviados vamos ali torcer o pescoço ao perú.
«É que, segundo a equipa de investigadores da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, é nos 20 e 30 anos de idade que uma intensa actividade sexual (relações sexuais e masturbação) poderá estar relacionada com um maior risco de vir a desenvolver cancro da próstata».
Mas, espera lá, estamos outra vez lixados. Já todos tivemos 20 e 30 e aí, meus amigos, ninguém quis saber e manter o pescoço de ganso agasalhado. Agora, queixam-se...

«Os investigadores não encontraram ligação entre o sexo e o cancro nos homens a partir dos 40 anos, alegando que a libertação de toxinas durante o acto sexual poderá ter um efeito protector».
Portanto, pessoal, em princípio não há problema desde que libertem as toxinas. Por isso, toca a libertar toxinas. O que já está, já está, agora já não há problema.

«É preciso investigar mais, admite Dimitropolou, autor do estudo».
Desculpa lá, ó Dimitr, mas é preciso é poupar a sarapitola até aos 40 e sempre a bombar daí para a frente. Antigamente dizia-se - para fazer o jeito aos jarretas - que a vida começava aos 40. Agora, parece que não há dúvidas. Certo?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Reencontro...


Serra da Freita, 24/1/2009



La Nature est un temple où de vivants piliers
Laissent parfois sortir de confuses paroles;
L'homme y passe à travers des forêts de symboles
Qui l'observent avec des regards familiers.

Comme de longs échos qui de loin se confondent
Dans une ténébreuse et profonde unité,
Vaste comme la nuit et comme la clarté,
Les parfums, les couleurs et les sons se répondent.

II est des parfums frais comme des chairs d'enfants,
Doux comme les hautbois, verts comme les prairies,
— Et d'autres, corrompus, riches et triomphants,

Ayant l'expansion des choses infinies,
Comme l'ambre, le musc, le benjoin et l'encens,
Qui chantent les transports de l'esprit et des sens.

Charles Baudelaire

Concertos da minha vida: Pink Floyd, Paris, 1989

Começa agora uma nova rubrica: concertos da minha vida. Convido os meus co-bloguers a participarem também com as suas experiências concertítiscas e festivaleiras.
E o meu primeiro vai já para os Pink Floyd. Quando comecei a pensar que eles não viriam cá (enganei-me, uns anos depois estiveram em Alvalade), abalei para Paris em 1989.



Palais Omnisport Bercy, Paris, 1 de Julho de 1989. Cheio. O lay-out era mais ou menos este. A atmosfera era incrível. O concerto todo muito profissional. E revisitaram todas as músicas essenciais. A profusão de matéria para degustação era incrível, fogo de artifício, ecrãs gigantes, pigs in the ski, enfim, um festim para os olhos.
Complete show recorded at Palais Omnisports de Bercy, Paris July 1st 1989
"Another Lapse" Tour
Alinhamento:
Shine On You Crazy Diamond I-V
Signs Of Life
Learning To Fly
Yet Another Movie
Round And Around
A New Machine I
Terminal Frost
A New Machine II
Sorrow
The Dogs Of War
On The Turning Away
One Of These Days
Time
On The Run
The Great Gig In The Sky
Wish You Were Here
Welcome To The Machine
Us And Them
Money
Another Brick In The Wall II
Comfortably Numb
ENCORES:
One Slip
Run Like Hell

David Gilmour, Nick Mason & Richard Wright (with Jon Carin, Scott Page, Guy Pratt, Tim Renwick, Gary Wallis, Rachel Fury, Durga McBroom and Lorelei McBroom)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

JOHN UPDIKE 1932-2009

O escritor americano John Updike morreu hoje. Tinha 76 anos e foi autor de uma obra vastíssima na qual se distinguem os cinco volumes da série Rabbit (1960-2001) e as Bruxas de Eastwick, adaptado ao cinema. Ganhou todos os prémios que havia para ganhar, excepto o Nobel e ainda este ano foi apontado como candidato e favorito. Por duas vezes, em 1982 e 1991, venceu o Pulitzer. Procurai a Minha Face (2002), o antepenúltimo romance, foi traduzido no fim de 2007.
Eu tenho quatro (Escola de Música, Corre, Coelho, A Feira e as Bruxas de Eastwick). Hoje vou dar uma vista d'olhos num deles. In memoriam.

Clã

Amuo

Desencontro - Luís Represas e Simone

Que bem casam estas duas vozes... e estes dois idiomas...


Inquietação

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda...



Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei...
Que essa coisa é que é linda!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O melhor inquérito de sempre

Eu sei que escolher o + da minha vida é difícil, ele há tantos, blá, blá, blá.
Tenham coragem e assumam qual foi...

1 - O livro da minha vida foi...
a) O Nome da Rosa
b) A Insustentável Leveza do Ser
c) Cem anos de solidão
d) Os Lusíadas
e) Equador
f) Todos com o Fernando Pessoa
g) qualquer um da Margarida Rebelo Pinto
h) O último do Juca Magalhães
h) outro (nomear)

2 - O filme da minha vida foi...
a) O Padrinho
b) Casablanca
c) Citizen Kane (O Mundo a seus Pés)
d) E tudo o vento levou
e) Taxi Driver
f) qualquer um do Manoel de Oliveira
g) Branca de Neve e os 7 matulões
h) outro (nomear)

3 - A minha série preferida de sempre é...
a) Seinfeld
b) Sexo e a Cidade
c) Friends
d) Allô Allô
e) All in the Family
f) Duarte e Companhia
g) outro (nomear)

4 - Os desenhos animados da minha vida foram...
a) Speedy Gonzalez
b) Heidi
c) Pokémon
d) Marco
e) Dartacão
f) Dragon Ball
g) outro (nomear)

5 - O meu cantor preferido é...
a) Frank Sinatra
b) Joe Cocker
c) Tony Bennett
d) Peter Gabriel
e) John Lennon
f) Julio Iglesias
g) outro (nomear)

6 - O cantor português que mais gosto de ouvir é o...
a) Paulo de Carvalho
b) Rui Veloso
c) Rui Reininho
d) José Cid
e) Toy
f) Emanuel
g) Dino Meira
h) Zé Cabra
i) outro (ainda há outro?)

7 - O desporto que mais gosto é...
a) ténis
b) futebol
c) esgrima
d) râguebi
e) correr atrás das miúdas
f) comer
g) de ver praticar outro qualquer
h) deitar-me no sofá e rebolar

8 - O meu número preferido é o...
a) 16
b) 29
c) 19
d) 4
e) 69
f) 3
g) 13
h) 100

9 - A minha zona predilecta para passear é...
a) na praia
b) no centro da cidade, com luzes de Natal
c) num shopping
d) num shopping em saldos num domingo à tarde
e) por ti abaixo
f) na minha cabeça

10 - O prato que mais me faz salivar é...
a) Francesinha
b) Lasanha
c) Churrasco
d) Bife com ovo a cavalo e batata frita
e) Rojões
f) Tripas
g) Cozido à Portuguesa
f) Happy Meal
g) todos juntos
g) outro

11 - A sobremesa que tanto gosto e que tem o dom de me encolher as calças é...
a) Cheesecake
b) Pudim de ovos
c) Baba de camelo
d) Mousse de chocolate
e) Encharcada
f) Pudim Abade Priscos
g) Toucinho do Céu
h) todos juntos
i) outra

12 - As mulheres (homens) que mais me atraem são...
a) As latinas coquetes /machos
b) Loiras /loiros
c) Morenas /morenos
d) Ruivas /ruivos
e) Lésbicas /gays
f) Sargentas / dominadores
g) de buço / imberbes
h) todas juntas /todos
i) nenhuma/ nenhum

13 - A minha zona mais erógena é...
a) o pescoço
b) as virilhas
c) o lóbulo da orelha
d) a planta dos pés
e) o couro cabeludo
f) todas juntas
g) nenhuma
i) outra

14 - A minha fantasia mais ousada é...
a) deixar tudo e partir
b) uma ménage
c) uma assemblage
d) responder a um inquérito destes
e) conseguir o 10 g)
f) mudar de profissão
g) outra desse género mais inconfessável

15 - Um dia ainda vou...
a) à China
b) ao Peru
c) a Alcabideche
d) ao cabo Finisterra
e) ter contigo

16 - O disco da minha vida é...
a) The lamb lies down...
b) Revolver
c) Dark side of the Moon
d) qualquer um dos Milli Vanilli

17 - A banda da minha vida é...
a) Beatles
b) Rolling Stones
c) Genesis
d) Pink Floyd
e) Ramones

18 - O poema da minha vida é...
a) Ode Marítima
b) Cântico Negro
d) Manifesto anti-dantas
e) O Hino Nacional
f) outro

19 - O melhor carro de sempre é...
a) Carocha
b) Mini
c) Dois Cavalos
d) Ferrari
e) Fiat Punto
f) 127

20 - O melhor inquérito de sempre é...
a) este
b) o inquérito Camarate
c) este
d) qualquer inquérito da Comissão de Disciplina
e) este
f) o inquérito Hite
g) este
h) ou este

Esta a ver que não chegava aos 20. Agora é só preencher.

Moanin´com muito Respect



No seguimento do último post "Respect" enviado pelo Labrosca, andei à procura do mesmo tema executado pelo organista Jimmy Smith que tem inclusive um LP da Verve com o mesmo nome da faixa atrás. Não encontrei. Aproveito então para vos mostrar um dos temas que para mim tem mais força e balanço da história do jazz, "Moanin´".Jimmy Smith.

O próximo jantar aproxima-se...

... e ainda há muita gente que não se inscreveu!
Por favor digam rapidamente alguma coisa para que haja tempo suficiente para marcar mesa.
Espero até hoje à noite!..

domingo, 25 de janeiro de 2009

RESPECT


Frank Zappa fazes mais falta na terra do que no paraíso



Um livro para cada domingo: «The Catcher in the Rye»

Pelo menos durante estes domingos de Inverno, fugindo aos shoppings, nada melhor que uma lareira e um livro.
Assim, para este, proponho a obra-prima de J. D. Salinger, «The Catcher in the Rye».
Só o título vale toda uma dissertação de mestrado: O Apanhador no Centeio seria a tradução literal, mas a coisa é tão difícil que João Palma Ferreira o magnífico tradutor desta obra, saiu-se muito bem com «Uma Agulha no Palheiro».
Holden Caulfield conta na primeira pessoa um período da sua vida. E conta como ninguém. Nunca mais vi prosa tão seca, irónica, despojada, directa ao coração e à cabeça como esta de Salinger. Nem mesmo noutras obras do autor.
Esta obra tão celebrada e obrigatória nas escolas dos EUA, foi elevada a uma posição icónica nunca alcançada por outro livro: por exemplo, Mark Chapman, estava com um exemplar na mão quando assassinou Lennon. E assim sucessivamente.
Atenção: se possível ler em Inglês (é muito acessível e muito mais interessante). Se preferir em Português, ler a tradução mencionada acima, velhinha, de Palma Ferreira e editada na Livros do Brasil. Há uma mais recente, que tenta uma linguagem mais coloquial, mas que fica longe da qualidade e rigor da anterior e do original. A evitar, portanto.
Este foi o livro que ofereci mais vezes.
Isto é uma obra-prima. Não é repetível, apesar de muitas vezes imitada.
Quem não conhece, experimente. Nunca mais voltará a ser a mesma pessoa. Acho eu.

Deus não se devia ter exposto tanto (III)

A insustentável leveza do ser


A imagem é minha


Há frases, ideias, imagens ou vivências que atravessam a nossa vida e que nunca mais esquecemos. Apropriamo-nos delas como se fossem parte de nós mesmos. Eu diria que passam a constituir uma parte da estrutura que sustenta o edifício que é a nossa própria individualidade.
A ideia central do livro de Kundera, que o amigo Vital evitou com uma leveza insustentável – só porque nas suas palavras foi unanimemente aplaudida - , é um desses exemplos.

Muito para lá de uma história de vida de 4 personagens, dos seus encontros e desencontros, o que fica de verdadeiramente genial da obra é a ideia da leveza (e de uma certa irracionalidade) com que tomamos decisões na nossa vida e de como elas podem determinar de uma forma definitiva o seu rumo.
Muss es sein? Es muss sein!” (Tem de ser assim? Tem de ser!). Esta frase, várias vezes repetida ao longo do livro, traduz precisamente essa ideia de ligeireza (e nunca a existência de um destino pré-determinado).

"(...)Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez, sem preparação. Como se o actor entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projecto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é esboço de nada, é um esboço sem quadro (...)"

Fui buscar estas palavras, que ainda ressoavam vagamente na memória, ao livro.
A importância da tomada de decisão (e o que nos leva escolher um caminho em detrimento de outro) e, consequentemente a problemática do livre arbítrio, são aspectos que desde sempre me interessaram particularmente (até por motivos profissionais, já que este aspecto é central no domínio da educação, nomeadamente da educação ambiental).

Todas estas reflexões conduzem-me geralmente, e cada vez mais, para o domínio do afectivo e da sua esmagadora importância no contexto das nossas vidas. É por essas e por outras que o nosso António Damásio (O Erro de Descartes) é um autor fundamental dos nossos tempos.

Deus não se devia ter exposto tanto (II)

Deus não se devia ter exposto tanto

DOMINGO DE INVERNO

Desejo a todos os Monamis6f, Anónimos, nf, P ... e a todos os que nos visitam um bom resto de Domingo.
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ALBERTO CAEIRO VIVE

Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.

Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.

O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.

Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas
como cousas.
Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.

Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.

Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.

Eu acredito...

Embora seja um homem de pouca fé...

Eu acredito em mim
Eu acredito que o Porto vai ser campeão outra vez
Eu acredito que a crise veio para ficar
Eu acredito na paixão
Eu acredito que o Sampras foi o maior jogador de ténis de sempre
Eu acredito no amor
Eu acredito em quase tudo
Eu acredito que Portugal não vai mudar nos próximos 500 anos
Eu acredito que merecia mais... e melhor
Eu acredito nos meus amigos
Eu acredito no amor depois da paixão
Eu acredito na amizade
Eu acredito que depois da tempestade vem sempre a bonança
Eu acredito nos ditados populares
Eu acredito no que aprendi
Eu acredito em coincidências levadas da breca
Eu acredito que a imaginação poderia governar o mundo
Eu acredito que vou viver até aos 100 anos
Eu acredito no incrível
Eu acredito que a solidariedade é uma palavra oca
Eu acredito que ainda vou fazer uma porrada de coisas interessantes
Eu acredito que ainda vou ler muitos livros
Eu acredito que ainda vou decorar o Cântigo Negro
Eu acredito na amizade depois do amor
Eu acredito que a generalidade das pessoas são limitadas para além do imaginável
Eu acredito que amanhã vai ser um novo dia
Eu acredito nas fantasias inconfessáveis
Eu acredito que o homem foi à lua
Eu acredito no bom humor
Eu acredito que civismo e cortesia nunca são suficientes
Eu acredito que o que falta é animar a malta
Eu acredito no Al Prazolam se ele voltar a escrever
Eu acrdito que ainda vou aprender a fazer kitesurf
Eu acredito que o Marlon Brando foi o maior actor de sempre
Eu acredito que os políticos vão continuar a mentir-te
Eu acredito no coelhinho da Páscoa
Eu acredito no Labrosca
Eu acredito que quem faz mal é castigado
Eu acredito que sou o maior mentiroso que vocês conhecem
Eu acredito que a Igreja Católica não vai mudar
Eu acredito na sorte
Eu acredito no K'mett
Eu acredito que o Frank Sinatra foi o maior cantor de sempre
Eu acredito que as mulheres fingem os orgasmos
Eu acredito que isto não vai melhorar
Eu acredito em fadas
Eu acredito que a segunda vez é geralmente melhor que a primeira
Eu acredito no Hagarra
Eu acredito na estupidez humana
Eu acredito nos charlatães
Eu acredito que a arritmia provocada pelo primeiro beijo é irrepetível
Eu acredito no Pinto da Costa
Eu acredito que não há bebés feios
Eu acredito na força essencial de um poema genial
Eu acredito na natureza regeneradora
Eu acredito que não há amor superior ao de um progenitor pelo seu rebento
Eu acredito que a música redime
Eu acredito na verdade
Eu acredito no Óscar
Eu acredito no Pai Natal et pour cause
Eu acredito na Playboy
Eu acredito que na cama as mulheres nunca dizem a verdade aos homens
Eu acredito que os homens acreditam
Eu acredito no exercício físico
Eu acredito na procura da felicidade
Eu acredito que há várias verdades
Eu acredito num tipo sem convicções
Eu acredito no Tullius
Eu acredito que se acreditasse na fé seria mais feliz
Eu acredito que beleza é fundamental
Eu acredito que poderia ter sido um bom actor
Eu acredito na vida a crédito
Eu acredito na arte
Eu acredito que o passado é inimitável
Eu acredito que o melhor ainda está para vir
Eu acredito que ainda vou ser rico
Eu acredito na mudança... para pior
Eu acredito na morte para além da vida
Eu acredito que o que é verdade hoje é mentira amanhã
Eu acredito que à medida que envelhecer vou acreditar em mais coisas
Eu acredito que vou conseguir passar as 50 crenças confessadas
Eu acredito que não vou chegar às 100
Eu acredito que vou ter muitos comentários a esta mensagem
Eu acredito que os meus amigos vão colaborar mais neste blogue
Eu acredito em ti, se me disseres no que acreditas
Eu acredito que é melhor parar por aqui, se não vocês não acreditam em mim

Mr. Tony Bennett



Escolhi uma versão ao vivo porque vi este senhor em 1998 e tive oportunidade de trocar meia dúzia frases com ele no seu camarim. O trio que vi era o mesmo (Ralph Sharon ao piano). E foi soberbo. Estive quase para escolher o «I´ve left my heart in San Francisco». De resto, de Mr. Tony é tudo bom. Ouro puro. Ou nas sábias palavras do Labrosca, prova que Deus existe.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Menos poético mas não menos interessante...

Chegou a hora dos monamis se inscreverem na próxima tertúlia (partindo do princípio de que vamos parar ao Galeria de Paris...).
As inscrições estão abertas até segunda à hora de jantar. Por favor digam alguma coisa e, já agora, avisem os mais distraídos...

Tele-jornalismo fraquinho

Apesar de não ser socialista (nem porra nenhuma, já agora) e não ter votado em Sócrates, não posso deixar de condenar esta tentativa de assassinato político na tv (vai com minúscula, porque é essa a sua dimensão).
A tv quer americanizar a política e a sociedade, comentendo o erro mortal de copiar o pior dos outros.
Já basta de não-notícias. Já basta de sensacionalismo bacoco.

Citação

Assim que nascemos
choramos por nos
vermos neste imenso
palco de loucos.

William Shakespeare (1564-1616)

Evento Anual "Sem Calças"

É Nova Iorque, claro!
Mas podíamos organizar um evento similar pelo Metro do Porto, que tal?! Nestes dias cinzentões, havia pelo menos um cheio de alegria! Eles já vão na oitava edição!

Energias Alternativas - Verdadeiras?!

Se isto é verdade como parece... temos de arranjar maneira de correr com os magnatas do petróleo, não?

Motor Magnético


Alguém para traduzir?!


Do Brasil - Ar Comprimido!
Será verdade?!

Fernando Pessoa

Por trás daquela janela
Cuja cortina não muda
Coloco a visão daquela
Que a alma em si mesma estuda
No desejo que a revela.

Não tenho falta de amor.
Quem me queira não me falta.
Mas teria outro sabor
Se isso fosse interior
Àquela janela alta.

Porquê? Se eu soubesse, tinha
Tudo o que desejo ter.
Amei outrora a Rainha,
E há sempre na alma minha
Um trono por preencher.

Sempre que posso sonhar,
Sempre que não vejo, ponho
O trono nesse lugar;
Além da cortina é o lar,
Além da janela o sonho.

Assim, passando, entreteço
O artifício do caminho
E um pouco de mim me esqueço
Pois mais nada à vida peço
Do que ser o seu vizinho.

SINTO QUE É INVERNO

Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.


Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...

Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me naufrago;
ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.

Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.

Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...

Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...

Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!...

Álvaro de Campos

António Gedeão - fazia falta aqui

Numa altura de profundo descrédito, aqui vai inspiração da boa para ver se nos levanta o moral (e para o Óscar não pensar que eu sou um pessimista apátrida e empedernido)

Poema da malta das naus

Lancei ao mar um madeiro,
espetei-lhe um pau e um lençol.
Com palpite marinheiro
medi a altura do Sol.

Deu-me o vento de feição,
levou-me ao cabo do mundo.
pelote de vagabundo,
rebotalho de gibão.

Dormi no dorso das vagas,
pasmei na orla das prais
arreneguei, roguei pragas,
mordi peloiros e zagaias.

Chamusquei o pêlo hirsuto,
tive o corpo em chagas vivas,
estalaram-me a gengivas,
apodreci de escorbuto.

Com a mão esquerda benzi-me,
com a direita esganei.
Mil vezes no chão, bati-me,
outras mil me levantei.

Meu riso de dentes podres
ecoou nas sete partidas.
Fundei cidades e vidas,
rompi as arcas e os odres.

Tremi no escuro da selva,
alambique de suores.
Estendi na areia e na relva
mulheres de todas as cores.

Moldei as chaves do mundo
a que outros chamaram seu,
mas quem mergulhou no fundo
do sonho, esse, fui eu.

O meu sabor é diferente.
Provo-me e saibo-me a sal.
Não se nasce impunemente
nas praias de Portugal.

Abbey Lincoln - musa com história



De vez em quanto descobrimos alguém de um refinado bom gosto e depois vamos à procura de outras coisas, discos e canções no passado dessa pessoa. E pasmados descobrimos que só há coisas boas. É raro, mas acontece. Abbey Lincoln é uma dessas mulheres. Vejam, que vale a pena descobrir um talento assim.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Sinceramente, também não percebo…

Sinceramente. Ele há uma coisa que não percebo.

Não percebo porque é que a existência existe.

"Hino da Alegria"



Há muito tempo que não via uma versão com tanta piada.
Então se considerar-mos este tema como o "Hino Europeu", cada uma das personagens deverá ser um país diferente.(tudo em sintonia!! )
Qual será o Sócrates?

Sinceramente, não percebo...

Sinceramente. Ele há coisas que não percebo.

Não percebo 99,8% dos portugueses
Não percebo a histeria à volta do Cristiano Ronaldo
Não percebo a alegria à volta do Obama
Não percebo nada de matemática
Não percebo a maioria das mulheres
Não percebo nada de mecânica
Não percebo como após 30 anos de democracia ainda somos os mais atrasados da Europa
Não percebo por que há tanta corrupção
Não percebo como se pode ser sem ser curioso
Não percebo os fundamentalistas
Não percebo nada de ciência
Não percebo a justiça em Portugal
Não percebo (a falta de) o humor em Portugal
Não percebo quem adora os "Malucos do Riso"
Não percebo o encanto da Playstation
Não percebo as pessoas que vão a videntes
Não percebo os terroristas
Não percebo nada de medicina
Não percebo como o País não aguenta 30º sem ficar a arder
Não percebo como não aguenta 4º sem ficar incomunicável
Não percebo como não aguenta dois dias de chuva sem ficar alagado
Não percebo os que dizem que é difícil deixar de fumar
Não percebo tanto desamor
Não percebo qual é a avaliação que os professores querem
Não percebo por que abandonam os animais
Não percebo as obras em Portugal
Não percebo como se pode elogiar o eu sem conhecer o outro
Não percebo por que o que é bom faz tão mal
Não percebo como é tão difícil emagrecer
Não percebo gente que não lê
Não percebo nada de engenharia
Não percebo porque não mudam os portugueses
Não percebo como é que a Maya é uma figura de primeiro plano
Não percebo o prestígio do Siza Vieira
Não percebo como é que nós não temos senso comum
Não percebo porque é que os políticos têm de ser todos iguais
Não percebo que se goste do Alberto João Jardim
Não percebo porque é que ganhamos tão pouco
Não percebo quem vê os programas cor-de-rosa de má língua
Não percebo as pessoas que levam os cães a fazer cocó no passeio do vizinho
Não percebo porque é que não fazemos mais revoluções
Não percebo gente que gasta balúrdios em mobiliário
Não percebo nada de futebol
Não percebo porque é que os maiores genocídios são cometidos à sombra das religiões
Não percebo como é que o FCPorto não arranja um defesa esquerdo em condições
Não percebo como é que o Brad Pitt trocou a Jenny pela Angie
Não percebo como é que já ninguém sabe quem foi o Joaquim Agostinho
Não percebo quem odeia viajar
Não percebo como o Tony Carreira enche o Atlântico
Não percebo como se acredita em Deus
Não percebo porque as pessoas não trocam sorrisos francos pela manhã
Não percebo as mulheres que acham o Ronaldo lindo
Não percebo porque custa tanto pedir desculpa
Não percebo o Catch 22 do Joseph Heller
Não percebo quem nunca disse "amo-te"
Não percebo os introvertidos
Não percebo como se pode odiar os israelitas
Não percebo os últimos filmes do David Lynch
Não percebo nada de fotografia
Não percebo as pessoas que não gostam de sushi
Não percebo o Hamas e a Fatah
Não percebo porque internacionalizámos a nossa cozinha
Não percebo porque é que acabaram com os cantoneiros, os contínuos e os ajudantes
Não percebo porque fizeram surgir os técnicos de reparação de estradas, os auxiliares de acção educativa e o pessoal de apoio especializado
Não percebo porque não posso ter mais tempo para viver várias vidas
Não percebo como se pode tratar mal uma criança
Não percebo muita música do Xenakis
Não percebo porque é que não se ensina música, pintura, xadrez, poesia, civismo e educação sexual nas escolas
Não percebo porque é que a melhor tradição se vai perdendo
Não percebo muitas coisas que fiz no passado
Não percebo como se pode perder a vida a ver novelas
Não percebo que se passe ao lado da vida
Não percebo nada de computadores
Não percebo como é que o Lendl ganhava ao McEnroe
Não percebo como se pode confundir desporto com futebol
Não percebo alguns filmes do Cronenberg
Não percebo como me falta tempo para o essencial
Não percebo como é que atribuíram o Nobel ao Saramago
Não percebo como é que os sindicatos são tão velhos e retrógrados
Não percebo porque não podemos conquistar o céu na terra
Não percebo o Ulisses do Joyce
Não percebo como os figurões da televisão são sempre os mesmos
Não percebo porque é que não podemos viver em poligamia
Não percebo porque é que não me sai o Euromilhões
Não percebo porque é que não jogo no Euromilhões
Não percebo como se pode ter a mania das arrumações
Não percebo como o Herman perdeu a piada
Não percebo porque é que não trabalhamos só quatro dias
Não percebo grande parte da música do John Cage
Não percebo as pessoas que vivem a prejudicar os outros
Não percebo como não tenho imaginação para chegar ao número 100 desta porcaria
Não percebo para que é que estou a escrever isto às duas da matina
Não percebo porque é que não percebo estas coisas e
Não percebo porque é que os meus amigos não colaboram mais no blogue

É que assim podiam explicar-me!

Poematerapia

Não há melhor forma de homenagem do que a cópia. Por isso, roubando o título ao Óscar, mas mudando o conteúdo, e porque sei que o autor é apreciado, aí vai para uns dias chuvosos:

O Dia Deu em Chuvoso

O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, esteve bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.

Antecipação! Tristeza? Coisa nenhuma?
Não sei: já ao acordar estava triste.
O dia deu em chuvoso.

Bem sei, a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?
Dêem-me o céu azul e o sol visível.
Névoa, chuvas, escuros — isso tenho eu em mim.

Hoje quero só sossego.
Até amaria o lar, desde que o não tivesse.
Chego a ter sono de vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.

Carinhos? Afetos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Quando foi isso? Não sei...
No azul da manhã...

O dia deu em chuvoso.

Álvaro de Campos, in "Poemas"

Musicoterapia 3 - Katia Ricciarelli



Para o caso de quererem saber mais, cá o je já jantou (eh pá, uma aliteração!?) com esta primeira dama do bel canto. Apesar da voz já não estar no seu prime, exibiu a sua classe. Senhora de uma dignidade e elevação totais, foi de uma simpatia (para um ignorante como eu) inexcedível. Contou pequenas histórias de tenores e outras divas. Foi delicioso. A terminar, disse-me que o concerto a que eu assistira seria se não o último, pelo menos dos derradeiros. Foi uma emoção, Katia!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Musicoterapia 2

Mais uma dose de bom gosto, de paz e de tranquilidade... (melhor que qualquer antidepressivo!)

Prelude from Cello Suite no.1 - J.S.Bach - Guitar arr. J.W.Duarte

Não estamos sozinhos!


Para aqueles, como o Vital e eu próprio, que acham que por vezes estamos a publicar para o nosso umbigo aqui ficam os números das visitas ao nosso monami6f nos últimos 7 dias (fonte: Sitemeter). Isto para não falar dos valores indicados pelo Neocounter instalado desde Novembro de 2008 no canto superior direito da página. São valores a todos os títulos surpreendentes para um blogue que teve início em finais de Maio do ano passado!

Musicoterapia

Desde sempre, o tempo (atmosférico) tem uma influência marcante no meu estado de espírito. Estes dias cinzentos põem-me autenticamente num estado de verdadeira hibernação. Não me apetece fazer nada, fico meio sonolento e irritadiço... enfim! Com uma disposição abaixo de zero.

Por altura dos finais da minha adolescência encontrei, contudo, um antídoto eficaz para este meu problema: umas boas doses de música barroca, Bach, Vivaldi ou Albinoni, ou alternativamente Genesis, trazem de novo paz e tranquilidade ao meu espírito.
Já nos inícios do Verão, por altura do Solstício de Junho - a minha época do ano preferida! - , apetece-me sobretudo ouvir bem alto Santana, com as janelas do carro todas abertas.

Aqui fica, para quem sofre dos mesmos males de apatia e depressão invernais, um dos meus temas eleitos para estas situações (na esperança que produza também efeitos positivos...):

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Eu estou contra...

Esta coisa dos unanimismos provoca em mim o contrismo. Eu nasci do contra e vou morrer do contra. Por isso não li «A insustentável leveza do ser» nem o «Nome da Rosa» não vi «A Guerra das Estrelas», nem esses filmes do Peter Jackson cujos nomes não recordo. Por isso não tenho partido, clube ou religião.
Por isso, afirmo e atesto desde já estou contra a Obamania, esta coisa do ontem fomos todos americanos. Eu nunca fui americano e sobretudo ontem também não com aquela pirosada para TV transmitir e papalvo ver achando que ali está alguma solução. Uma prosápia deslambida da audacity of hope. Hope em quê, podem explicar-me sem ser com um chorrilho de lugares comuns? Reparem hoje foram suspensos os julgamentos em Guantánamo. Suspensos? E então que fazem aos arguidos durante os 120 dias? Libertam-nos? Mantêm-nos presos mais 120 dias? Vai ser este o tom desta administração: empurrar todos os dossiers com a barriga...
Aposto que ninguém sabe quem foi o 38º presidente dos Estados Unidos e não sabem distinguir essa política da de Carter, Clinton ou Reagan.
Todos os patós adoram figuras messiânicas e então se vierem vestidas de «common man» que lutou contra tudo e com um discurso oco que agrada a todos, tanto melhor...
Talvez os mais obamistas não saibam que ganhou duas eleições a nível estadual só porque a hipocrisia americana quanto às virtudes morais dos candidatos não tem paralelo nos últimos 30 séculos. Um dos adversários de Obama, de longe à frente nas sondagens e unanimemente tido por mais capaz, foi pura e simplesmente afastado por ter envolvido a própria mulher numas brincadeiras sexuais.
Mas aposto que os obamistas já têm engatilhadas todas as desculpas para os fracassos, marasmos e mais do mesmo que aí vem. Vejamos:
- Calma, o homem ainda só lá está há oito meses.
- É preciso dar tempo. Estes problemas não se resolvem em dois anos.
- Não se pode fazer tudo de repente.
- É preciso mais do que um mandato.
- Nos segundos 4 anos, é que vai ser.
- Vão ver, a partir de agora é que é.
- As contas fazem-se no fim dos oito anos.
- Ele bem tentou, mas sozinho não conseguia nada.
- Os outros é que não deixaram, etc. etc.

Depois do que foi o século XX, ver milhões de pessoas a ver, a dizer e a sentir o sentem em relação a uma pessoa, que arvoram em salvador de várias pátrias não cessa de me causar espanto.

E em face disto tenho que voltar a Einstein: «Só há duas coisas infinitas no Universo: o Espaço e a Estupidez Humana. E sobre a primeira tenho dúvidas...»

Ontem, fomos todos americanos






Nunca na História da humanidade um presidente reuniu um consenso tão alargado. Numa votação efectuada através da internet, a nível mundial, Obama reuniu 85% das preferências dos eleitores virtuais (The Economist: http://economist.com/vote2008).
Esta é a principal razão para a esperança. A recente crise mundial provou que um dos factores principais que promovem o devir é a confiança (ou a sua ausência!). A abertura e a mobilização dos povos em torno de um ideal de paz, de justiça e de progresso, são razões para acreditar que algo entretanto mudou.


É curioso compararmos os discursos de tomada de posse de Obama e de Bush através do Wordle. Facilmente verificamos a mudança de paradigma introduzida pelo novo presidente. Cada um faça o seu juízo...

Clicar para ver maior

Wordle: obama's speech president


Wordle: bush's speech

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Uma janela de esperança



Cerca de um milhão e meio de pessoas são esperadas, hoje, em Washington, na cerimónia de investidura de Barack Obama que vai tornar-se o primeiro presidente negro da história dos EUA.

Aquando da cerimónia de tomada de posse de Bush, do seu primeiro mandato, senti assim um friozinho premonitório no estômago. O que se seguiu toda a gente (infelizmente) conhece. Hoje, um pouco por todo o mundo, perpassa uma lufada de optimismo. Obama não é um novo Messias, mas não há dúvida que abriu uma janela de esperança ao mundo. Saibamos todos aproveitar a boa onda...
I hope we can!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

STRAY CAT BLUES

http://www.youtube.com/watch?v=WGbtY6cYMqY

Morelenbaum, Frisell e Cantuária na Casa da Música


Ontem fui ver o concerto à Casa da Música. Pouco depois das nove entram os músicos em palco: cinco ao todo. Sentam-se e começam a afinar os instrumentos - uma viola acústica, uma semi-acústica, uma eléctrica e um violoncelo- enquanto o percursionista brinca com alguns instrumentos. A conversa entre eles é descontraída, como se se tivessem encontrado por acaso na casa de um deles... e de repente começam a tocar! Só mesmo gente do Brasil...

O concerto foi tipo uma Jam Session entre dois grupos distintos: o Morelembaum Cello Samba Trio e o dueto Bill Frisell/Vinicius Cantuária. Os temas foram sendo tocados ora por todos os músicos, ora por dois, três ou quatro. Um concerto assim tem sempre a vantagem de ser mais plural e mais espontâneo. Os músicos entreolham-se, admiram e comentam o trabalho uns dos outros. Vê-se que há gozo no que está a ser feito e eu fico sempre com a sensação de ser um sortudo por estar a presenciar tudo aquilo.

Música de inspiração brasileira - muita Bossa Nova! - com algum experimentalismo e jazz à mistura: um grande concerto! E os músicos? Tirando o Cantuária, uns furos abaixo, eram de uma qualidade supra! Já no final do espectáculo dei uma vista de olhos ao programa para tentar perceber quem eles eram (à parte o Morelenbaum e o Cantuária que já conhecia) e fiquei a compreender melhor o que tinha ouvido. Aqui fica o resumo do resumo dos menos conhecidos (por mim!) ...

Frisell (guitarra eléctrica) - para além de duzentos discos gravados, este guitarrista americano fez arranjos para temas de Elvis Costello e Burt Bacharach, vários galardões entre os quais Grammys na categoria de disco instrumental jazz; em 2006 passou a receber uma bolsa concedida pela United States Artists, uma instituição privada americana dedicada ao apoio aos melhores artistas americanos vivos;

Ricardo Silveira (Violão) - tocou com Hermeto Pascoal, Ivan Lins, Bethânia, Milton Nascimento, Dave Grusin, Diana Ross, John Pisano, Pat Metheny,..

Robertinho Silva (percussão) - acompanhou nomes como Wagner Tiso, Donato, Gal, Waine Shorter, Sarah Vaughn, Ron Carter,..

Não há dúvida que foi um início de 2009 em grande, em termos musicais!

Blue Man Group

Aqui está uma amostra de um espectáculo que este vosso amigo viu há uns tempos em Londres, alive and drumming. Muito profissionais e amigáveis (no final ficaram no foyer do teatro horas a tirar fotos e a assinar posters e t shirts.

Teresa Coelho, 1959-2009

A poucas semanas de completar 50 anos, Tereza Coelho morreu. Um perfil breve, mas justo, da sua pessoa, pode (e deve) ser lido no blogue da Isabel Coutinho Ciberescritas. Não me lembro de uma presença tão forte como a dela no jornalismo literário português. Tereza Coelho nasceu em Moçambique, mas vivia em Portugal desde 1973. Foi a primeira pessoa que me levou a comprar livros depois de ler o que ela tinha escrito sobre eles. Nos anos oitena, no Expresso. Era uma grande crítica. Também recomendo a leitura do obituário do jornal O Figueirense, transcrito no Blogtailors.
Era uma grande editora (Lobo Antunes) e grande jornalista (mas tão modesta que se recusou a fazer carreira literária quanto teria sido tão fácil).
Como crítica dizia: «é importante que o crítico dê a sua opinião e não mace o leitor nem embarace os amigos com a sua visão do mundo». Por aqui se vê a sua dimensão e estatura. Vai fazer falta.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Verdadeiros artistas




Nos confins da Etiopia, Hans Sylvester fotografou durante seis anos os habitantes das tribos do Omo. O rio Omo fica situado no vale do Rift, zona bastante rica em pigmentos.Verdadeiros artistas,eles são seguidores de uma arte ancestral onde as suas telas são o seu corpo. Eu diria - A Arte à flor da pele.

Ary dos Santos 25 anos depois

Há 25 anos foi assim...




Poeta castrado não!

Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Jantar de sexta, 30

Como eu previa (estou farto de ter razão) este blogue está a tornar-se no repositório onanista meu e do Óscar (bem retornado Labrosquinha). Correndo o risco de ninguém ler o que vou escrever, gostaria de saber se os meus amigos têm alguma ideia engatilhada para dia 30. Se não tiverem, digam que eu trato. Mas não deixem - como os tugas - tudo para a última hora, porque senão deprimentemente acabamos no Monami...
30/JANEIRO/2009
Só vou ao jantar se me derem feijoada e Kopke 2006

19 de Janeiro: dia de festa global!

Na próxima segunda-feira, 19 de Janeiro, é um dia de festa para a humanidade: a despedida de Bush.
O monami6f não podeira deixar de assinalar a efeméride!..



sábado, 17 de janeiro de 2009

Feijoada à minha moda

Fui buscar a imagem aqui

Eis uma boa sugestão para estes dias frios e chuvosos de Inverno: pôr uma música a rolar no leitor de mp3 e passar uns bons momentos pela cozinha a confeccionar uma feijoada para acompanhar com um dos tintos sugeridos pelo Vital e compartilhar com os amigos!..
Nunca, mas mesmo nunca, devemos esquecer o arroz branco com uma folha de louro para acompanhar a feijoada!


Feijoada à minha moda (prática e apetitosa!)

Ingredientes da feijoada (8 pessoas):
2 latas de litro de feijão branco
250 g de bacon cortado aos cubos
350 g de orelha de porco fumada previamente demolhada e cozida (opcional)
2 morcelas (moiras de preferência)
1 chouriço de colorau bem tenro
1 cebola grande
4 colheres de sopa de azeite
1 folha de louro
2 cenouras grandes
1 couve (o que houver por casa, mas de preferência grelos)
1 lata de tomate pequena
1 malagueta vermelha
sal, cravinho e cominhos q.b.

Confecção:
Começa-se pelo tradicional e imprescindível refogado. Quando a cebola está a ficar translúcida juntam-se os cubos de bacon. Um pouco depois as restantes carnes. Deixa-se alourar. Em seguida, junta-se o tomate a cenoura a couve e um pouco de água. Tapa-se o tacho e deixa-se levantar fervura. Baixa-se o lume para médio e deixa-se cozinhar uns bons vinte minutos.
Chegou a hora de se juntar o feijão. Este, deve ser previamente escorrido da água da lata e passado por água fria num escoador para que perca a goma. Depois de se juntar o feijão rectifica-se a água e tempera-se com sal e especiarias. Fecha-se o tacho e baixa-se o lume para o mínimo. Deixa-se guisar durante cerca de 15 minutos. Mexer de vez em quando para evitar pegar. E está pronta!

Motivo - Cecília Meireles

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Os melhores vinhos até 4,99

Com menos de 150 Euros (meio Barca Velha) pode fazer uma mini-garrafeira. São 11 tintos, 16 brancos e três rosés. Todos a menos de 4,99 Euros. É obra. Aqui está a papinha (líquida) toda feita.

Excepcionais:
Duque de Viseu, 2005, tinto
Kopke, 2006, tinto
Quinta do Cardo, Selecção do Enólogo, 2004, tinto
Quinta do Carqueijal, 2007, branco
Vinhas Altas, Arinto e Loureiro, 2007, branco
Quinta de Santa Maria, Colheita Seleccionada, 2007, branco

Excelentes:
Quinta da Casa Boa, 2005, tinto
Monte da Charca, 2006, tinto
Quinta das Verdelhas, Touriga Nacional, 2005, tinto
Casa Santos Lima, Merlot, 2007, tinto
Adega de Penalva, Jaén, 2005, tinto
Serradayres, Reserva, 2007, branco
Quinta de Naíde, 2007, branco
Terras de Monforte, 2007, branco
Comenda Grande, 2007, rosé

Muito Bons:
Caves Santa Marta, Reserva, 2003, tinto
Prova Régia, 2007, branco
Vila Régia, 2007, branco
Montes Claros, Reserva, 2007, branco
Terra de Lobos, 2007, branco
Foral da Vila, 2007, branco
Anta da Serra, 2007, rosé
Vinha da Defesa, 2007, rosé

Bons:
Fiúza, Três Castas, 2006, tinto
Quinta de Fafide, Reserva, 2005, tinto
Alabastro, 2007, branco
Dona Ermelinda, 2007, branco
Quinta dos Loridos, Alvarinho, 2007, branco
Quinta da Lixa, Trajadura, 2007, branco
Cunha Martins, 2007, branco

Bom proveito.

A diva no seu melhor...



E pronto, aqui está mais uma artista para o mundo. Felizmente esta bem apreciada nas cinco esquinas do planeta... E para o nosso amigo asiático que nos visita...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Lisa Ono: um momento perfeito!

O ambiente é intimista, próprio de uma bossa nova. Lisa Ono, uma menina de ascendência japonesa, nascida no Brasil, interpreta com doçura e contenção, e com enorme elegância, o clássico de Vinicius e Jobim. Um momento PER-FEI-TO!
Vale a pena procurar no Tube outros temas interpretados por esta musa: são todos uns melhores que os outros!

Só mais uma palavra para dizer o seguinte: nâo há música no universo com que me identifique tanto como com a Bossa Nova. Obrigado, João Gilberto e Tom Jobim por terem deixado este maravilhoso legado à humanidade!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Ilhas dos Açores



Na nova série e na sequência de Carlos Paredes, junto agora a que reputo como melhor música (de longe, até porque a moça não canta) dos Madredeus, que vi há muito tempo num concerto no mosteiro de Leça do Balio. Inspiração de Padro Ayres Magalhães, um senhiôr...

Aviso: as muçulmanas não devem casar com portugueses...

O cardeal avisou, tá avisado. Já se sabe que apanham uns tabefes de vez em quando. Agora eu quero é avisar as muçulmanas: cuidadinho ao casarem com os tugas. Vão arranjar uma carga de problemas maior que se Mafoma fosse a uma rojoada.
Reparem, enquanto elas estão a fazer a oração da manhã, o gajo pespega-lhe duas lambadas por ela ainda não ter a malga de leite mais o molete prontos e quentinhos.
Aquando da oração do meio-dia volta a levar um pontapé no traseiro por se ter atrasado a trazer a macieira ou o meio bagaço (conforme a bolsa).
Na oração da tarde volta a levar na corneta por ainda não ter feito o jantar.
À noite não há problema: o gajo tá distraído a ver futebol na TV de palito ao canto da boca a coçar os tintins cheirando depois, já a pensar no forrobodó que vai ser por ter uma miúda complacente...

Museu Nacional de Imprensa

Convite

Para a macacada ver...

Graças a deus não sou religioso!

A imagem é daqui

O pastor está preocupado com as suas inocentes ovelhinhas!.. Há por aí muito lobo muçulmano...

O Cardeal Patriarca de Lisboa aconselhou esta terça feira as jovens portuguesas a ter "cautela com os amores" com muçulmanos. D. José Policarpo apelou às jovens para que "pensem duas vezes antes de casar com um muçulmano (...), é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam". O cardeal admitiu ainda que "somos muito ignorantes" em relação aos muçulmanos. (Público ONLINE)

Este paternalismo serôdio de quem tenta defender as virgens inocentes do seu rebanho causa-me perplexidade. É que de facto tinha o dito personagem como arejado, culto e moderado.

O Cardeal a mandar os seus bitaites sobre o casamento de portuguESAS com muçulmanOS. Os outros a matarem-se uns aos outros na Palestina...
É caso para dizer: "Volta Lennon, estás perdoado!"


quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Valsa - Paredes, artista universal



Aqui começa uma nova série «Extraordinários Artistas Portugueses» e começa com Carlos Paredes que tive a fortuna de ver respirar sobre a sua guitarra portuguesa como se a amasse (e amava) no velho Gil Vicente, Coimbra, idos de 80. De resto, o álbum «Movimento Perpétuo», na minha enfática opinião, devia constar na lista dos melhores de sempre. Do universo, bem entendido.

Uma pérola para meditar (lado oriental)

.*MEDITAÇÃO DA SEMANA*



*DISCÍPULO:*

Sábio Mestre, poderia ensinar-me a diferença entre a pérola e a mulher?
*
MESTRE:*

A diferença, humilde gafanhoto, é que uma pérola pode-se enfiar por dois
lados, enquanto numa mulher somente por um...

* DISCÍPULO* (um tanto confuso):

Mas Mestre, longe de mim contradizer vossa sabedoria, mas ouvi
dizer que certas mulheres permitem ser enfiadas pelos dois lados!!

*MESTRE *(com um sorriso):

Nesse caso, curioso gafanhoto, não se trata de uma mulher, mas sim de uma
pérola.

* MEDITEMOS...

Ainda a propósito do universo...


A imagem é daqui

Catorze de Janeiro

A imagem é daqui

Não sei bem porquê mas acho esta data particularmente interessante!..
Talvez por isso apetece-me deixar aqui algumas reflexões:

É absolutamente fantástico que no meio de um universo estéril (?..), num planeta completamente menosprezável em termos de dimensões ou localização, tenha surgido este fenómeno singular a que chamamos vida.
Fantástico é também apercebermo-nos de que cada ser vivo é algo de único e irrepetível. Que resulta de uma combinação exclusiva entre genes que se complementam para se transformarem num projecto de construção singular e original.
Não menos interessante é a noção de que de um desses acasos - a união de um entre triliões de espermatozóides e de um entre 1 a 2 milhares de óvulos, de um homem e de uma mulher entre os biliões de seres humanos que habitaram o planeta- somos nós. E ainda nos queixamos da falta de sorte no euromilhões!!!

Todas estas considerações relevam para o superlativo de maravilhoso (sem que para tal seja necessário acreditarmos num qualquer Deus).

Quando pela primeira vez visitei a Capela dos Ossos, em Évora, e me deparei com a célebre máxima "Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos" achei, talvez fruto do meu optimismo endógeno, a mensagem interessante e positiva. A minha leitura para tal inscrição é que ela é um aviso de que só há uma vida e que, portanto, não convém desperdiçá-la. É claro que nem todas as pessoas a encaram da mesma maneira. Lembro-me que na altura andava por lá uma excursão de alemães idosos, todos sorrisos, todos interessados. A sua reacção mudou diametralmente quando a guia lhes traduziu a dita inscrição. Os sorrisos desapareceram ou ficaram bem amarelos nos rostos daquelas pessoas. E toca a andar lá para fora bem depressinha!

Parabéns Óscar

Carlos Drummond de Andrade

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade."

Abstenho-me de fazer apresentações ou tecer muitas considerações sobre Drummond de Andrade. A “net” está pejada de artigos para quem tiver curiosidade de saber pormenores biográficos, alguns – diga-se de passagem – bem interessantes, como o facto de ter sido expulso de um colégio de jesuítas por “insubordinação mental” (seja lá o que isso for!..)
Optei por registar no nosso blog dois poemas. O primeiro pela “oportunidade”, o segundo “simplesmente porque gosto” e porque me faz lembrar alguns “monami’s”…

Receita de ano novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Síntese da Felicidade
Desejo a você...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não Ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

Du tabac, sivuplé...

Aqui vai outra, porque isto são como as nésperas...

A meio do inter-rail, salvo erro em Antuérpia, o Z.A. farto de ver sempre o mesmo (eu) a destrocar em Inglês quis autonomizar-se e provar que dominava a Língua.
Disse-me: estou farto que sejas sempre tu a falar, agora vou eu e falo eu. Pensou, planeou, repuxou os punhos das mangas, encheu o peito de ar e entrou num bar. Colocou os braços no balcão, dirigiu-se à menina que atendia, e perguntou com o ar mais shakespeareano deste mundo pausando bem as sílabas: «Are you a cigarrette?»
Perante o ar embasbacado da moça que pensou que estava no meio dos «Apanhados», voltou a repetir mais alto, mais devagar e ainda mais convicto: «Are you a cigarrette, or no?» A moça estava atónita, boquiaberta e procurava uma ajuda qualquer.
O Z.A. pensou que era um problema de rapidez e complexidade da expressão e por isso meio agastado soltou lentamente, sílaba a sílaba: «Porra, a-re y-u ou noue a ci-ga-re-tte?». Silêncio. Total.
Aqui o Z.A. desiste, volta-se, olhou para mim, baixou os braços e disse: "a gaja não percebe, é belga...»

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Toma lá... do Sousa Santos!

Em 1980 fiz um inter-rail com o Z. A. e entre as milhentas peripécias que os meus amigos já ouviram duzentas mil vezes mas amavelmente ainda me pedem para repetir a pensar que eu não me apercebo da sua condescendência, aconteceu uma que acho que relatei poucas vezes.
Estávamos, se não me trai a memória em Basileia, num albergue de juventude (só mesmo nós, uns tesos, ir gastar os míseros escudos na caríssima Suíça) a comer qualquer coisita (tipo bolachas de água e sal e maças golden) quando um tipo se aproxima de nós e pergunta:
- São portugueses?
E nós: claro! Ficamos ali à conversa um par de horas e no final ele pergunta: Vocês não me conhecem? E eu, que nisto sou como a minha mulher, acho sempre que já vi aquela cara algures, disse: de facto... não me é estranho...
E ele: sou o Joaquim Sousa Santos, o vencedor da Volta a Portugal!!!! E nós assentimos, claro, claro.
Após despedirmo-nos, começámos os dois a gozá-lo, «olha o reles, miserável, a pensar que engolimos a patranha do Vencedor de uma Volta a Portugal estar num albergue manhoso a comer iogurtes e maçãs golden, como nós. Olha o malandro...
Por curiosidade, mais tarde, fui ver e não é que o sacana tinha sido mesmo o vencedor da Volta a Portugal no ano anterior...