segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Pode a rua grega acontecer em Portugal?



É uma espécie de Né Ladeiras no programa da manhã do Goucha. Depois aparece um tipo com lata. Cá era um bêbado.

ÀS VEZES VEJO-ME GREGO

O que se está a passar (já acabou?) na Grécia não me surpreende muito. Gosto dos gregos - antigos e modernos, mesmo com cerca de 400 anos de turcos pelo meio - mas temos de perceber que estão longe de ser gente pacífica e de bom senso. Têm uma Língua impossível, paracaló, uma escrita que não é fácil e uma agressividade muito característica, no modo como se relacionam no seu dia-a-dia, que pode ser divertida e estimulante, mas que a longo prazo estafa qualquer criatura.
E o calor, uff, o calor!!! Basta ter passado por Atenas dois dias no inter-rail para se saber que aquilo é impossível. Eu, com aquele calor atirava pedras aos meus pais. E como são presunçosos. Os estudantes acreditam ser os dignos descendentes de Sócrates, Platão e Aristóteles, desprezam a Europa (com parcial excepção dos países mediterrânicos, em que nos incluem) e não reconhecem a autoridade da Polícia, era só o que faltava.
Aliás a polícia é a mais brutal da Europa. O filme Expresso da Meia-Noite devia ser na Grécia e não na Turquia. De vez em quando põem bombas nos McDonald's principais da capital. Só porque sim. Na Grécia, um católico não ortodoxo é um católico de segunda. Mais valia ser judeu ou protestante.
Pode-se ser muito feliz no caos de Atenas, com retsina, souvlaki e bouzouki. Todos os gregos julgam que inventaram a democracia (e inventaram) mas os actuais também julgam que a inventaram. E todos acham que são atletas dignos do Olimpo. Os gregos são perfeitos para debater toda a espécie de temas. E à falta de temas debatem com pedras, paus ou automóveis.

Agora, poderíamos ter Portugal (civilizado, isto é, os estudantes betinhos das cidades) à pedrada bruta contra a polícia? Não.
Um português descontente resmunga, china o automobilista à sua frente, vai ao futebol, bate na mulher, toma comprimidos ou vai às tias, mas NÃO BATE NA AUTORIDADE; Aliás os únicos que vi baterem na polícia foram outros polícias (na altura estava em casa de uns amigos na Holanda e foi muito embaraçoso ver aquelas imagens na TV e a palavra Portugal em rodapé...). Sim, polícia bate, nem que seja noutro. Agora o Zé Tuga bate na avó, nos filhos, nas pais dos amigos dos filhos, nos sportinguistas, bate chapas, bate bola, bate barba, mas na AUTORIDADE NÃO!
Em suma, o TUGA aguarda, a ver no que param as modas; espera, espera a ver o que vai dar a situação, deita-se um bocadinho a ver se passa, e não é que passa mesmo. Amanhã é outro dia.

Esta é diferença: um grego mais ou menos contente atira pedras à Polícia, um português lixado com a vida (e com razão) atira pedras (e esconde a mão) a um cão sarnento na via pública e resmunga, «bô noute ó senhor agente», enquanto apanha mais dois calhaus médios para atirar para o quintal do vizinho.

Mas basta de socio-antropo-filo-hermeneutico-sabático-discursIVA. Isto foi só para publicar alguma coisa porque não gosto de ver um dia passar e o diário sem novas entradas. Bô noute!

2 comentários:

Óscar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Óscar disse...

Sub-título do artigo: Vital, o regresso do jornalista(de opinião).
É caso para comentar: o que sairia daí se tivesses alguma coisa para dizer!..
Muito boa malha, parabéns!