domingo, 14 de dezembro de 2008

Dueto já previsto: Neruda e Massimo Troisi

Este é um dueto já previsto: Neruda e Troisi, um grande actor italiano que podem apreciar aqui e que morreu no final das filmagens de «Il Postino».



PUEDO ESCRIBIR LOS VERSOS MÁS TRISTES ESTA NOCHE

«Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos."

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.»

Julgo que não carece de tradução, mas para os mais preguiçosos:

POSSO ESCREVER OS VERSOS MAIS TRISTES ESTA NOITE

«Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada,
e tremeluzem, azuis, as estrelas, ao longe”.

O vento nocturno sopra no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a, e por vezes ela também me amou.

Em noites como esta, tive-a entre os meus braços.
Beijei-a tantas vezes debaixo do céu infinito.

Ela amou-me, por vezes também eu a amei.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que já não a tenho. Sentir que a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como o orvalho na relva.

Que importa que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
E a minha alma está por tê-la perdido.

Como para aproximá-la, meu olhar procura-a.
Meu coração procura-a, e ela não está comigo.

A mesma noite que branqueia as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.

Já não a amo, é verdade, mas quanto a amei.
Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.

Já não a amo, é verdade, mas talvez ainda a ame.
É tão rápido o amor, e é tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta, tive-a entre os meus braços,
e a minha alma está triste por tê-la perdido.

Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,
e estes os últimos versos que lhe escrevo.»

1 comentário:

K disse...

Gostei da sabedoria da senhora, resumida quanto à inexistência de diferença (no contexto)entre um poeta, um padre ou mesmo um comunista.

Vital, juntamente com as luzinhas de Natal, vejo indícios de uma viragem, ou da constatação que essa viragem já aconteceu?

Na tempestade, o mar, por vezes, obriga o timoneiro, a virar o barco contra as vagas alterosas.