Sou louco e tenho por memória
Uma longínqua e infiel lembrança
De qualquer dita transitória
Que sonhei ter quando criança.
Depois, malograda trajetória
Do meu destino sem esperança,
Perdi, na névoa da noite inglória,
O saber e o ousar da aliança.
Só guardo como um anel pobre
Que a todo herdeiro só faz rico
Um frio perdido que me cobre
Como um céu dossel de mendigo,
Na curva inútil em que fico
Da estrada certa que não sigo.
Fernando Pessoa
4 comentários:
Boa, Labrosca.
Este poema também é muito do meu agrado.
Manda mais destes.
És demais!..
Já k + ninguém comenta, né...!
Hehehehe!
Touché!
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