A poucas semanas de completar 50 anos, Tereza Coelho morreu. Um perfil breve, mas justo, da sua pessoa, pode (e deve) ser lido no blogue da Isabel Coutinho Ciberescritas. Não me lembro de uma presença tão forte como a dela no jornalismo literário português. Tereza Coelho nasceu em Moçambique, mas vivia em Portugal desde 1973. Foi a primeira pessoa que me levou a comprar livros depois de ler o que ela tinha escrito sobre eles. Nos anos oitena, no Expresso. Era uma grande crítica. Também recomendo a leitura do obituário do jornal O Figueirense, transcrito no Blogtailors.
Era uma grande editora (Lobo Antunes) e grande jornalista (mas tão modesta que se recusou a fazer carreira literária quanto teria sido tão fácil).
Como crítica dizia: «é importante que o crítico dê a sua opinião e não mace o leitor nem embarace os amigos com a sua visão do mundo». Por aqui se vê a sua dimensão e estatura. Vai fazer falta.
2 comentários:
Vital, sou singularmente tocada pelas homenagens prestadas, de forma muito... assertiva, poderei dizer (?) (nada lamechas, sintético como os homens costumam ser, mas com uma sensibilidade inerente que me toca)(parto do princípio de q és homem: cofoi um do vosso grupo que me falou do vosso blog de amigos e cá vim vindo). Talvez porque a Morte é a Sombra da vida no caminho (adpt.minha e mto por mim citada F. Pes.). Não sabia quem era a Teresa Coelho (imagina tu!; eu que sou uma antuniana nata e leitora compulsiva, além de seguidora e crítica das editoras, portuguesas e outras. Não seguidora de críticos literários, precisamente pelas razões que citas - a citação será dela? -; já que me aborreço com escritas vazias ou rococós). Não vou, a esta hora, ver os blogs que mencionas, noutra altura terei tempo e disponibilidade. Morreu cedo, essa senhora que parece ter tido traços admiráveis - todos os temos, todos somos imperfeitos, mas traços admiráveis e únicos, é difícil aparecerem. Um deles é o Saber e a Humildade na Vida. Vão cedo, os bons. (Preferia que fossem antes alguns 'pulhas', mas esses são rijos :-) Enfim: se essa Senhora (com 'S' grande) foi tua Amiga próxima, mando-te um abraço solidário. A Morte apanha-nos sempre, sempre, desprevenidos. Se tal Senhora não o foi, eras, sim, um admirador da mesma, o abraço é solidário na mesma, porque aqueles que enriqueceram o nosso Mundo e o abandonam (tão cedo!)fazem(-nos) falta. Em honra da Teresa Coelho; e da tua extrema gentileza nas vezes que comigo trocaste galhardetes, segue um brinde. PGF
Vital,
Lia a tua resposta. Ainda bem (não ser mto próxima, a T.), ainda mal (pela sua estatura humana, vai fazer falta). Foste tu que escreveste 'Vai fazer falta'. Repto deixado: quem nos faz falta não é nosso Amigo?
(Ok, discussão seguinte, categorias de amigos, é demasiado banal, penso, que para ambos; para mim, basta-me 'Fazer falta'). Escolheste aliás, intuitivamente, muito bem as palavras: tenho um Amigo que, acerca dos (meus) mortos, me pergunta se tenho saudades deles, por mim; ou por eles, que já cumpriram o que havia a fazer neste tempo e espaço, e agora a pó voltaram, para outras vidas a viver. Não há que lhes ter saudades (obviamente, isto é na minha área orientalizante). Substituiste por 'falta' e pelo impessoal. Certo. Bem pensado/sentido. Brindo de novo à senhora, até porque sabia distinguir quem 'faria falat' no nosso mundo (e falo de alguém a quem ela se dedicou profissionalmente, e que, chagad a hora, tb. 'vai fazer falta', mas aí, 'vai-ME fazer falta). Questão de género? Mulheres mais 'personnaly attached', homens mais (defensivamente) 'functionnaly dettached'? Como o vosso blog serve para tudo, olha... aqui fica um comentário mais 'de gaja' :-) Brinde à Morte, à Vida, aos que 'fazem falta', aos Amigos. P.
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