sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
A respeito de algumas obras de arte
Escrevo estas linhas como comentário ao artigo do Tulius Detritus do dia 1 deste mês com o titulo "Jimmie Durham".
Sobre o artigo, eu gostaria de começar por dizer que a Arte é algo que ainda não está definido na sua totalidade.
O problema da não compreensão do que está exposto e a ridicularização do mesmo, é um tema recorrente da nossa praça.
Um dos primeiros artistas a revolucionar o sistema ( e revolução é a palavra exacta ) foi Marcel Duchamp (França, 28 de Julho de 1887 / Nova York, 2 de Out. de 1968).
Este artista (pintor e escultor) enviou para concurso um urinol acabado de comprar numa loja da especialidade. Assinou-o e deu-lhe o titulo de "A Fonte".
A utilização numa obra de arte de algo que não tivesse sido integralmente produzida pelo artista era coisa que até aí nunca tinha sido realizada.
Outros artistas se seguiram com maior ou menor vanguardismo. Por exemplo, Picasso começou por realizar colagens.
Talvez a principal revolução tenha sido a maneira como a Arte passou a ser entendida a partir daí.
Qualquer objecto poder-se-ia transformar em obra de arte. Assim a essência da Arte não está no fazer, mas sim à posterior. A essência da Arte está no olhar e no ver.
Ao mesmo tempo a criatividade passa do mundo interior do fazer para o mundo interior do olhar.
Após esta breve explicação e passando mais da teoria à realidade, gostaria de lembrar que a própria Fotografia tão querida dos nossos bloguistas só recentemente se equiparou às outras formas de arte ditas clássicas. Porquê? Porque não era entendida como tal.
Stravinsky foi apupado e vaiado na apresentação da sua "Sagração da Primavera". Porquê? Porque as pessoas não estavam preparadas para ouvir os sons produzidos pela música deste compositor.
Isto não quer dizer, obviamente, que temos de gostar e de concordar com tudo o que vemos e ouvimos. Pelo menos podemos tentar (fazer o esforço para...) compreender ou imaginar qual a mensagem ideia ou perspectiva que o artista quer tentar fazer passar.
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3 comentários:
Apesar de não ser especialista na matéria, aqui ficam algumas reflexões (minhas) sobre o assunto:
A arte, tal como a encaro - assim como outros importantes domínios da vida-, está muito mais ligada ao domínio do sensorial e do afectivo que do conceptual. Assim, o primeiro impacto uma obra artística é para mim essencial. O impacto estético, apreendido através dos sentidos e da sensibilidade vão determinar em grande medida a decisão sobre o gostar ou não gostar, impressionar ou não impressionar. É claro que a fase do compreender também tem a sua importância. Muitas vezes, depois de compreendermos uma obra que nos passou completamente ao lado até achamos que ela tem interesse e sentido. Então dizemos: "afinal é interessante,.. ou não". Todavia, o facto de ter um sentido, oculto numa primeira abordagem, e ser ou não interessante, não a remete para o nível do deslumbramento (talvez a palavra seja demasiado forte...) de outras criações! Por consequência tem menos valor para mim.
Já conheço, também, o argumento que refuta as minhas palavras: "Não gostaste porque não estavas preparado..."
Esta coisa da arte é mesmo complicada!..
... ou as pessoas têm a tendência a complicar aquilo que pode ser simples!
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