sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A arte no monami6f: um novo contributo

A polémica em torno do conceito de arte, que tem surgido no monami6f, interessa-me particularmente. Honra seja feita ao Tulius por ter trazido o tema à discussão. O texto que a seguir publico é da autoria do Rui, do Bananakillers. Parece-me um contributo não desprezível para a nossa tertúlia. Afinal a banda juvenil (???) também produz coisas interessantes!..

"O que é um escultor? No tempo do Rodin ou do Soares dos Reis, a resposta parecia mais fácil. Muito simplesmente porque aquilo que era considerado escultura era claramente balizado (começando pelos próprios materiais e linguagem) e não só o domínio da técnica como o acesso eram restritos. De uma forma geral, as formas de expressão são actualmente bem menos espartilhadas num género específico (são até por vezes “transdisciplinares”) e não parecem ser os materiais, as técnicas ou até os métodos que inibem a pretensão de comunicar. Esta possibilidade de democratização e, de certa forma, por consequência, de aparente possibilidade de ser artista à margem da aprovação da elite, levanta obviamente a questão da triagem. O que é um artista? Quem é artista? Quem é bom artista? Já me tinha colocado questões idênticas relativamente à minha área, mas confesso que sempre tropecei alegremente na quase novidade desta possibilidade de novo século que é a questão da acessibilidade e descansou-me recordar que a fotografia, por exemplo, encontrou o seu caminho durante o século XX e parece estar razoavelmente preparada para lidar com uma nova e gigantesca vaga de acessibilidade e simultaneamente uma alteração de fundo nas suas técnicas.E então, o que é um escultor? Assim parece simples: aquele que faz esculturas. E o que é uma escultura? Uma obra produzida por um escultor. Porreiro. E o que é a disciplina a que se chama Escultura? É uma das artes plásticas cujo meio de expressão é o volume e a forma. Para um fotógrafo a definição também será pacífica. E vamos por aí fora, surfando na espuma dos dicionários e abrindo a possibilidade universal de se ser artista. Parece-me bem. Muito fresco, novo e conveniente.Mas então lembro-me de uma coisa que já acontece há séculos: escrever qualquer pessoa escreve, o que torna potencialmente escritor todo o individuo que não seja analfabeto e que consiga transpor uma ideia para a linguagem das letras e das palavras. Ora, isso parece não acontecer exactamente assim. Parece haver uma diferenciação entre a análise das capacidades individuais e do alcance do discurso de quem produz texto e de quem produz esculturas ou fotografias. E esta desproporcionalidade faz-me voltar ao início e repensar as definições e a aferição de qualidade.À distância, o mundo do Bernini ou do Dante parecia muito mais simples. Mas agora é muito mais divertido e pequeno. Assim de brincar."

Por falar em arte, já que estou com a mão na massa... do bananakillers, aqui fica também uma sugestão musical proposta pelo Sérgio que é muuuito ao meu gosto:

Rachel's: Family Portrait (Music for Egon Schiele)


Ver tudo em Banana Killers & Co.

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