Como já aqui referi todos temos (embora nem todos tenhamos lata e imodéstia para os relatar) encontros pela vida fora que são engraçados e inusitados. Que valem a pena ser contados. Vá lá, não sejam colchas de sabão... arrisquem, vão ver que vale a pena.
Aqui vai um dos meus close encounters:
Em Maio de 92, salvo erro, Frank Sinatra veio ao Porto pela única vez. E como fã número 1,5 não podia perder o concerto. Como estava no jornal, tentei a borla e lá fui porque não sei quem me metia lá dentro. Era no demolido Estádio das Antas e lembro-me que estava frescote.
Dirigi-me à porta combinada, mas o matreco que me devia facilitar a entrada não estava lá. Fiquei ali nas imediações de mãos nos bolsos à espera do tipo (era na pré-história e não havia telemóveis, tinha de haver paciência) e entretanto caiu a noite.
Cerca das nove horas, estava eu ali a secar, passa por mim uma limousine daquelas de 9 lugares, tipo Mercedes todo preto e vidros escuros. Pensei: aí vai mais um VIP. Sortalhão. Passou para baixo e segundos depois tornou para cima.
Pára junto a mim e um dos vidros traseiros baixa-se e fico totalmente boquiaberto, quando o Frank, esse mesmo, o The Voice, olha fixamente para mim, e só podia ser para mim porque eu era o único que ali estava, - e eu continuava de boca aberta - esboça um sorriso e ligeiro aceno de cabeça e volta lentamente a subir o vidro escuro. Foram três ou quatro segundos, suspensos no tempo. E eu de boca aberta ainda... Lembro-me que me passou o frio. Vi depois que o motorista não sabia por onde era a entrada do artista. E continuou a circundar o Estádio. E eu ainda nem estava refeito daquele momento providencial. Fiquei largos minutos a matutar naquilo. O que representava? Porquê eu? Que poderia significar aquilo. Foi o destino. Ou melhor, é a vida. Ou melhor ainda, That's life:
Depois, foi o concerto onde fiquei na mesa ao lado da da Amália... mas isso já é outra história...
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