sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O elogio da diferença

As pessoas são com os tomates do nosso quintal. Imaginem um mundo em que todos fossemos iguais...
Seria certamente muito menos interessante!

Isto vem a propósito da notícia posta a circular recentemente pela comunicação social:
"A Comissão Europeia anunciou que deixará cair a sua política de normalização dos produtos agrícolas".
Já não era sem tempo!

As vantagens são inúmeras:
- Acaba-se com o desperdício. Muitos dos produtos que não tinham o calibre desejado eram por vezes postos de parte. Esta prática não faz sentido nenhum num mundo em que tantos morrem ainda à fome!
- Os pequenos produtores podem escoar os seus produtos em pé de igualdade com os grandes. Muitas vezes isso não era possível por falta de capacidade de produzirem produtos com calibres muito semelhantes.
- Pode haver benefícios em termos de saúde pública. As exigências de normalização levam inevitavelmente ao uso de mais pesticidas e adubos químicos.
- Termina aquela sensação (péssima!) de estarmos perante frutas e legumes feitos de plástico!


Afinal a crise também pode ter os seus efeitos benéficos ao devolver aos decisores o bom senso e a racionalidade!..

Publicação inspirada no artigo "Belos feios" do cienciaaonatural.blogspot.com;
A imagem é da autoria de Claudio Menghetti.

2 comentários:

Vital disse...

É tão bom quando a sensatez regressa. Mas por que raio tem primeiro de ir embora? Por exemplo toda a gente sabe que os tomates nunca são iguais. Mesmo quem não os tem...

Kmett N’Ojo disse...

Sim, é uma medida que já tardava. No entanto a normalização surgiu como medida de combate ao abuso por parte de alguns produtores. Vi por exemplo, uma reportagem acerca deste assunto, no telejornal da RTP, em que uma produtora dizia não concordar em baixar o preço dos produtos “defeituosos”, apenas estes por serem mais feios! Ora, isto também não é aceitável e sabemos muito bem que se um começar os outros vão atrás do lucro, e podemos ficar à mercê de produtores menos escrupulosos.
A medida da UE de normalização, era bem intencionada mas acarretava desperdício que, se moralmente não é aceitável, numa altura de crise é insuportável.