A imagem é daqui
Fiquei completamente perplexo com a última tirada do Santos Silva: "Eu cá gosto é de malhar na direita." Como é possível que um homem com um nível cultural como o seu possa dizer tamanha barbaridade?
Vejamos o seu currículo:
(Nota: para ser lido na diagonal)
Doutorado em Sociologia, especialidade de Sociologia da Cultura e da Comunicação, pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (1992). Agregado em Ciências Sociais, pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto (1999).Docente da Faculdade de Economia do Porto, desde 1981, actualmente com a categoria de professor catedrático.Deputado à Assembleia da República, pelo círculo eleitoral do Porto (desde 2002).Membro do XIV Governo Constitucional (1999-2002), primeiro como Secretário de Estado da Administração Educativa (1999-2000), depois como Ministro da Educação (2000-2001) e como Ministro da Cultura (2001-2002).Pró-reitor da Universidade do Porto (1998-1999).Presidente do conselho científico da Faculdade de Economia do Porto (1998-1999).Colunista do jornal Público (1992-1999, 2002-2005).Membro do Conselho Nacional de Educação (1996-1999); coordenador do grupo de contacto entre os Ministérios da Educação e da Cultura para a educação e o ensino artísticos (1998-1999); e representante português no Projecto de Educação para a Cidadania Democrática do Conselho da Europa (1997-1999).Membro do Conselho de Administração da Sociedade Porto 2001 (1999).Cronista da TSF-Rádio Jornal (1997-1998).Vogal da Comissão do Livro Branco da Segurança Social (1996-1998).Colaborador da Página Cultural do Jornal de Notícias (1978-1986).Membro do Partido Socialista (desde 1990), membro da sua Comissão Nacional (desde 1998), da Comissão Política Nacional (2002-2005, desde 2006), do Secretariado Nacional (desde 2006). Coordenador do Grupo Parlamentar do PS para as áreas de Cultura, Ciência e Ensino Superior (2002-2005). Director do Acção Socialista, órgão oficial do PS (2002-2005).Membro do Conselho Directivo da Fundação José Fontana (2002-2005)Membro da Assembleia de Freguesia de Nevogilde (1994-1999).
Em face disto não posso deixar de fazer os seguintes comentários:
1) Provavelmente o homem sofre de alguma espécie de demência. Já tinha reparado que a sua fácies tem mudado ao longo destes últimos tempos: inicialmente era serena, demonstrando elevação e sabedoria; actualmente assemelha-se um hipertenso que está prestes a ter um AVC a qualquer momento;
2) Não há formação académica, ou nível cultural, que remedeie um carácter rancoroso e trauliteiro;
3) É nos momentos de tensão e dificuldade que vem ao de cima a verdadeira natureza das pessoas (para o melhor ou para o pior, como é o caso!..);
Uma última questão: Quando é que aparecerá um político proveniente do Porto com estatura moral suficiente para não envergonhar os seus conterrâneos?
10 comentários:
Esta saída vem ao encontro das últimas tiradas deste senhor a propósito da avaliação dos professores. Portanto não é assim tão surpreendente...
no entanto, a mim surpreendeu-me...
não gostei de ter ouvido aquilo da sua boca.
Infelizmente já me vou habituando a que as pessoas que menos espero me decepcionem...
Mas o que mais me espanta é que um gajo destes diz uma estupidez destas e continua tudo na maior. M... de políticos,m.... de jornalismo, m... de comentadores e m... de país. Hoje estou assim, com esta morrinha que não para, fico cá com uma neura...
Eu, que gosto de sopa, e, confesso, como sopa todos os dias, gostei do que esse senhor disse.E o que disse, parece ter sido com sinceridade.É preciso ver o enquadramento do momento.
Não vejo qualquer mal nisso.
O facto de Santos Silva ter arrastado as calças durante tantos anos pelas cadeiras da universidade não lhe dá qualquer tipo de diferenciação em relação ao resto da população, ou Zé Povinho, ou como queiram chamar.
Os políticos são pessoas como as outras. Se são eleitos pela população de um país, é natural que sejam uma cópia fiel da média dessa mesma população.Não são nem mais nem menos.Terão as mesmas virtudes e os mesmos defeitos.
Então qual é o problema?
A propósito deste assunto, vou de seguida "postar" sobre um homem, infelismente já falecido, que escreveu em tempos um texto curioso sobre o homem culto.
...infelizmente...
Não concordo com nada do que para aqui é dito (mas isso não é novidade).
A diferença é que vou explicar porquê.
Conheço vagamente Santos Silva e posso desde já assegurar que é uma pessoa culta, cortês e genericamente sensata. Aliás, comparado com 99% dos outros portugueses que conheço é um marciano.
Depois, sei perfeitamente de que contexto foram retiradas as palavras e da conversa radiofónica que estava a ter.
E mesmo que não expressão típico de Wittigenstein ou Proust no seu melhor não é por uma frase destas que se julga e crucifica uma pessoa, um político, um sistema ou um regime.
É com facilistismos deste género que estamos onde estamos e como estamos.
De resto, não concordo nada com o regionalismo bacoco da origem do político que me representa. A mim interessa-me o carácter e se vem de Freixo-de-Espada-à-Cinta, tanto melhor...
E ainda vou dizer mais: acho exagerada e muito longe da verdade toda a diatribe que o Oscar alinha e a foto à guisa de metáfora também não é de bom gosto. É a minha opinião, com toda a frontalidade. E devo juntar que nunca votei no PS. Nem para as listas académicas...
Aqui está o contexto:
"Declarações na noite de quarta-feira no Largo do Rato
Manuel Alegre acusa Santos Silva de fazer "discurso estalinista"
06.02.2009 - 09h03 Leonete Botelho
Caiu mal no PS a forma como o ministro dos Assuntos Parlamentares reagiu às acusações de falta de debate interno, ouvidas num debate no Largo do Rato, em Lisboa, sobre as moções ao congresso.
Augusto Santos Silva classificou as críticas como "minudências" e recusou exercícios de "autoflagelação". "Eu cá gosto é de malhar na direita e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam de facto à direita do PS. São das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheço e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chique". "Um discurso estalinista", considerou Manuel Alegre.
Quarta-feira à noite, na sede do partido, o debate contrastou com o tom habitual das reuniões da comissão política e os autores das moções rivais às de Sócrates quiseram discutir a situação interna do partido. Entre eles o histórico Edmundo Pedro, apoiante de Fonseca Ferreira, que, depois de ouvir Santos Silva, afirmou haver no PS quem não se pronuncie por medo. "Verifiquei um total desinteresse, generalizado, notei outro fenómeno de pessoas que estão no aparelho de Estado que me diziam 'não posso pronunciar-me, porque tenho medo'; não é admissível no partido", disse o fundador do partido. (...) Outros históricos socialistas também se demarcaram, com mais ou menos intensidade, do tom usado por Santos Silva. "Uma figura de estilo que não subscrevo completamente", referiu Vera Jardim, deixando claro, no entanto, que "é natural que em ano de eleições o partido que está no poder se concentre" na oposição. "O meu camarada Edmundo Pedro é um herói da resistência à ditadura e merece a maior admiração de todos os portugueses pelo seu passado, pelo seu presente, por aquilo que é", afirmou Alberto Martins, líder parlamentar do PS, sublinhando assim quem é, em seu entender, a referência do PS."
Público Online
Não me venhas dizer que estas não são afirmações de um trauliteiro!
Não, não acho. Acho que erraste em querer alinhar com os moralista da decência e do politicamente correcto. Não é crime. Foi um tiro ao lado. Na batalha naval, era: água!
Repara: se «malhar na direita» é trauliteiro, como qualificas frases do Louçã e da tua adorada Drago, do género «o psd arrombou o cofre e o ps cobriu»... blá, blá».
Mas gosto mais desta divergência do que zero mensagens e um blogue cinzentão e desinteressante...
As responsabilidades de uns e de otros são bastante diferentes, não te esqueças que o Santos Silva faz parte do governo. E depois a Ana Drago nunca proferiu frases do género! O Louçã, esse também parece andar sempre com problemas nos calos e concordo que também alinha em discursos do género (são as marcas da sua antiga costela trotsquista).
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