quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O salvamento do BPP!

Esta operação de salvamento do BPP, realmente… enfurece-me!
Transcrevo, a propósito, o discurso no parlamento do meu amigo Paulo Rangel.
A lucidez e frontalidade deste deputado do PSD, fazem dele o melhor Primeiro-ministro que Portugal podia ter!

"A operação de intervenção estatal no Banco Privado Português, tal como até agora foi apresentada e explicada, suscita a maior perplexidade e apreensão – diria mesmo, sem receio das palavras, suscita a maior indignação.
(…)
Não vale a pena agitar aqui o papão do risco sistémico. É bem sabido que, pela sua dimensão, menos de meio por cento do crédito concedido à economia e sem rede comercial de retalho, não há qualquer risco sistémico associado ao BPP. Como, aliás, reconheciam ainda há dias o Ministro das Finanças e o Governador do Banco de Portugal. Resta saber o que os fez mudar tão radicalmente de opinião: que factos ou vicissitudes apareceram no BPP que, de um dia para o outro, justifiquem uma intervenção deste calibre?
Como pode o Governador do Banco de Portugal escandalizar-se com um aval de 750 milhões de euros, falar nuns “modestos” 45 milhões e agora achar imperativo e impreterível um apoio de 500 milhões?
(…)
Ter-se-á presente que a instituição em causa tem como cifra média dos depósitos e aplicações um valor que ronda os 250.000-300.000 euros e, em certas tipologias, 1.000.000 de euros? Será aceitável tratar da mesma e exacta maneira um depositante corrente ou normal e estes aplicadores de importâncias substanciais? Faz sentido que o comum dos contribuintes – sem nenhum retorno para a economia nacional – seja obrigado a suportar o risco do negócio alheio?
Será aceitável apoiar, nestes termos, uma instituição cuja natureza – na gestão de fundos e activos – está mais próxima da actividade bolsista do que da actividade bancária? A que título e com que fundamento vão os contribuintes sofrer as perdas e menos valias dos investidores? A que título e com que fundamento o Estado deve servir de garante aos riscos que os investidores assumiram conscientemente? Não será isso uma entorse inadmissível ao mercado?
Será razoável sustentar este concreto apoio, sem o estender às centenas de empresas do sector produtivo e altamente empregador que, com um aval para crédito, resolveriam as suas dificuldades?
E já agora quando se fala – para tentar dar um recorte moral e legal à operação em jogo – numa contra-garantia dos activos do BPP, onde está a lista detalhada dos bens em causa e uma avaliação imparcial dos mesmos?
Se os activos são tão prestáveis e valiosos, porque não foram suficientes para que o consórcio de bancos fizesse o seu empréstimo sem o aval do Estado, apenas com base nesses mesmos activos?
(…)
Que os contribuintes sejam chamados a custear os esforços das soluções para sairmos da crise financeira, é necessário e é admissível.
Mas nunca aceitaremos, em caso e em tempo algum, o lema de que o Governo se serviu para sustentar esta operação: “os contribuintes que paguem a crise”. Isso não, isso nunca."

Paulo Rangel

6 comentários:

K disse...

Paulo Rangel é de facto um fora de série.
Tem de memória o nome de todos os elementos de todos os governos pós 25 de Abril.É obra.
Além de memória de elefante tem rapidez de raciocínio, excelente argumentação, poder de comunicação, ideias bem estruturadas, é como tu dizes, um excelente primeiro ministro, ou pelo menos um excelente futuro presidente do PSD.
Eu votaria nele.

Óscar disse...

Eu preferiria ter como 1º ministro alguém que demonstrasse maior sensibilidade por exemplo pelos animais!
ver: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1347724&idCanal=62

Óscar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kmett N’Ojo disse...

Por acaso já esperava por esse artigo. Além de previsível, é sempre conveniente, porque rende com facilidade, chamar os protectores dos mais desprotegidos, para a discussão e trazê-los desde logo para o nosso lado. É a velha festinha na cabeça das criancinhas ou a visita ao lar de terceira idade. Falar bem dos animais (demagogicamente ou não, não interessa), só pode cativar simpatias.
Mas quando falamos de “direitos dos animais”, falamos de quais animais? Das vacas, de quem comemos as entranhas e a quem retiramos o leite que devia servir para as suas crias? Das galinhas, a quem roubamos as crias ainda antes de nascerem para comermos no pão ao pequeno-almoço? Dos leitões, essas saborosas crias dos nossos amigos porcos? Se não, dá-me vontade de perguntar se haverá animais mais animais do que outros!
Na verdade não me choca nada aquilo que o Paulo Rangel disse sobre este assunto porque afinal de contas devemos respeito por toda a Natureza.
Descobris-te há pouco tempo, as fotos dos Índios Americanos. Pois bem, não te fiques só pelas fotos e lê também os textos. São uma boa fonte de ensinamentos sobre a nossa relação com a Mãe Terra.
É que, em última análise, sinto-me tentado a dizer que, só nos podemos considerar verdadeiramente pertencentes ao novo século, quando fizermos a ONU aprovar a “Carta dos Direitos dos Pinheiros e das Sardinheiras”. Não são seres vivos? Não têm direitos? E que dizer dos insectos que tentamos sem sucesso e a todo o custo exterminar? E os ratinhos indefesos das nossas caves? Ah, esses podemos matar à paulada! Pois: caçar é desumano mas pescar já não é assim tão mau quanto isso. Deve ser porque os peixes não têm voz e não podem expressar a dor sentem dos anzóis ou da asfixia das redes de pesca!
Eu gosto realmente mais – incomparavelmente mais – do meu filho do que do meu cão. Mas também é verdade que gosto muito mais de qualquer cão vadio do que dos terroristas que atacaram a Índia!
Já agora, és muito amigo dos animais mas também gostas de dar uma voltinha de cavalo. Já alguma vez perguntas-te se será agradável ter rédeas metidas nas gengivas? Se fosse bom para os animais, não precisavam de lhas tirar para descansar. Se não lhes causasse incómodo não precisavam de ser domados.

Óscar disse...

Andar de cavalo??? Só se for de DOIS CAVALOS!!!!!

K disse...

Ouçam Bach e relaxem.