Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
David Mourão-Ferreira, in "Cancioneiro de Natal"
4 comentários:
Isto sim, é poesia.
É verdade, e não é Pessoa!
Leste-me os pensamentos: também queria publicar um poema como pretexto pra desejar a todos um Feliz Natal. Contudo ainda vou dar uma vista de olhos aqui nuns livritos, talvez do Almada. Quem sabe encontro o que procuro.
Feliz Natal Lab!
Grande Escolha, Reserva 2008, Colheira Especial
Boa escolha. Parabéns!
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