segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Nos 40 anos da morte de Manoel Bandeira

MADRIGAL MELANCÓLICO

O que eu adoro em ti
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Mas é o espírito subtil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida.

Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti é A VIDA!!!

Manoel Bandeira

2 comentários:

Vital disse...

Oscar, consegues musicar esta?

Óscar disse...

Não iria estragar uma coisa tão boa!