sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Poema de Fernando Gandra

Só hoje te escrevo este vestido
de palavras. Desculpa.
Oxalá que ao recebê-lo os pés
inchados das tuas ilusões inamovíveis
sosseguem junto à fonte.
A mãe, aqui ao lado, é uma sombra
do que pensas: repousa entre o frio
dos joelhos. A tua boina em ponto cruz
está pronta. O forno é bom e sem
enredo: sempre o mesmo.
A taça muito magra do silêncio
entra (ainda) pela janela.
Na varanda as zínias continuam razoáveis.

Pelo corrimão do tempo desce o gelo.
A tua ausência é uma casa muito espaçosa.
Responde-me na volta do sangue.

Beijos.

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