Em jeito de acta atrasada - já que a última tertúlia teve lugar na passada sexta-feira -, e como ninguém resolveu fazê-la , aqui fica um poema de Jorge Luís Borges cujos (de)méritos foram tema principal de uma conversa acalorada entre as pataniscas e o arroz de feijão.
Sim, eu sei que já publiquei este poema no blogue há algum tempo atrás. Mas como não tenho um conhecimento muito aprofundado da sua obra, e como o acho de uma beleza e uma verdade absolutamente arrasadoras, volta a trazê-lo por cá (na esperança que desta vez seja alvo de uma maior atenção por parte dos leitores...).
Pescador, Afurada (22/10/2010) Sim, eu sei que já publiquei este poema no blogue há algum tempo atrás. Mas como não tenho um conhecimento muito aprofundado da sua obra, e como o acho de uma beleza e uma verdade absolutamente arrasadoras, volta a trazê-lo por cá (na esperança que desta vez seja alvo de uma maior atenção por parte dos leitores...).
Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.
Jorge Luís Borges
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