Surgiu espontâneo e fluente da boca de um velho amigo enquanto juntos recordávamos o magnífico espectáculo do cair lento e suave das folhas num (outro) inesquecível passeio de Outono pela Mata de Albergaria (Gerês):
Senhor: é tempo. Foi muito grande o verão.
Nos relógios de sol estira as tuas sombras,
deixa que pelo prado os ventos vão.
Manda aos últimos frutos a espessura,
dá-lhes do sul ainda mais dois dias,
força a plenitude neles, vê se envias
ao vinho forte a última doçura.
Quem não tem casa agora, já não constrói nenhuma,
quem agora está só, vai ficar só, sombrio,
perder o sono, ler, escrever cartas a fio,
e a um ir e vir inquieto nas áleas se acostuma,
vagueando enquanto as folhas lá vão num rodopio.
Rainer Maria Rilke, traduzido por Vasco Graça Moura e citado pelo grande Alexandre
2 comentários:
Lindo.
É... quer dizer... não me dou muito bem com poesia... mas não é mau... mas tenho algumas duvidas sobre alguns ditos neste poema... ok!
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