Em 1979, 10 anos após a sua estreia no Tour, Joaquim Agostinho alcançaria o maior feito da sua carreira, ao vencer a mítica etapa de L’Alpe-d'Huez, no dia 15 de Julho. Joaquim Agostinho tornou-se um dos nomes históricos da Volta a França. Em homenagem à grande vitória de Agostinho na mítica etapa, a organização deu o nome de Agostinho à 17ª curva da subida do L’Alpe de Huez.
Joaquim Agostinho nasceu em 7 de Abril de 1943, em Brejenjas, freguesia de Silveira, concelho de Torres Vedras. Era o quarto filho de uma família modesta de camponeses. Aos 18 anos foi chamado a combater na Guerra Colonial, em Moçambique, onde participou numa corrida de bicicletas em Vila Cabral que ganhou, no entanto ele gostava era de jogar futebol. Uma vinda a Portugal para matar saudades da mulher, Ana Maria, alteraria definitivamente a sua vida.
Com a recordação da vitória em Vila Cabral viva na sua mente, Joaquim Agostinho pediu emprestado ao seu vizinho, João Roque, um equipamento para se treinar. João Roque, que tinha ganho a Volta a Portugal em 1963, acompanhou-o e ficou espantado com as qualidades de Joaquim Agostinho e sem perder tempo levou-o a treinar ao Sporting. Estávamos em Fevereiro de 1968 e Joaquim Agostinho tinha... 25 anos.
Em Abril do mesmo ano entrou no Campeonato Regional de Fundo para Amadores. Venceu a primeira prova, classificou-se em 3º lugar na segunda e venceu a 3ª prova, conquistando o título de Campeão Regional. Em Agosto de 1968, participou pela primeira vez na Volta a Portugal. Embora não tenha vencido nenhuma etapa, os tempos realizados por este ciclista valeram-lhe o segundo lugar e a vitória por equipas. Após esta prova foi seleccionado para o Campeonato Mundial de Estrada, em Imola. Conseguiu a melhor classificação portuguesa de sempre, ao ficar em 16º lugar, e foi o único português a concluir a prova.
Joaquim Agostinho venceu por cinco anos consecutivos (de 1969 a 1974) o Campeonato Nacional de Fundo Individual. Venceu a Volta a Portugal em três anos consecutivos (entre 1970 e 1972).
Participou por 13 vezes na Volta à França e nos anos de 1978 e 1979 conseguiu a melhor posição de sempre, classificando-se em terceiro lugar. Em 1972, participou na Volta à Suíça e obteve o quinto lugar.
A passar por dificuldades financeiras volta ao Tour pela última vez em 1983. Com 40 anos conseguiu o feito de terminar na 11ª posição.
Em 1984 decidiu regressar de vez a Portugal e acabar a carreira no seu Sporting. No dia 30 de Abril disputava-se a 5ª etapa da X Volta ao Algarve, quando Joaquim Agostinho sofreu uma fractura craniana, num acidente provocado por um cão que se atravessou no caminho. Com a camisola amarela vestida, voltou a montar a bicicleta e cortou a meta com a ajuda de dois colegas do Sporting. Pediu que o levassem à pensão para descansar. As dores de cabeça aumentaram e foi levado para o hospital de Loulé. A situação agrava-se drasticamente e é evacuado para o hospital da CUF, em Lisboa. Não é transportado por via aérea e acaba por fazer uma longa viagem de ambulância, chegando à capital em coma. Foi operado 10 horas depois do acidente e nos 10 dias seguintes, sempre em coma, luta contra a morte, que acaba por derrotá-lo a 10 de Maio de 1984.
Total de Vitórias: 96
Maiores destaques: Volta a Portugal:1968 - 2º, 1969 – 7º, 1970 – 1º, 1971 – 1º, 1972 – 1º.Tour de France:1969 - 8º, 1970 – 14º, 1971 – 5º, 1972 – 8º, 1973 – 8º, 1974 – 6º, 1975 – 15º, 1977 – 3º, 1978 – 3º, 1979 – 3º, 1980 – 5º, 1983 – 11º. Vuelta a España:1973 - 6º, 1974 – 2º, 1976 – 7º, 1977 – 15º. Campeão Nacional 6 vezes consecutivas (1968 a 1973).
Vencedor das etapas míticas de:Alpe d’Huez (Tour) – 1979, Cangas de Oniz (Vuelta) – 1974, Torre – 1971, 1973, Penhas da Saúde – 1970, 1971, Solothurn Balmberg (V. Suíça) – 1972.
1º Nas Subidas de: Puerto del Léon (Vuelta) – 1972, Côte de Laffrey (Tour) – 1971, First plan (Tour) – 1969, Grammont (Tour) – 1971, Manse (Tour) – 1972, Lautaret (Tour) – 1972, Hundruck (Tour) – 1972, Oderen (Tour) – 1972, Lalouvesc (Tour) – 1977, Croix de Chabouret (Tour) – 1977.
Ciclista do Ano do CycloLusitano:1968, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1974, 1978, 1979, 1980.
Não há imagens dessa vitória mítica em 1979, mas há outras para recordar o grande Tino.
1 comentário:
Boa peça de jornalismo desportivo.
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