terça-feira, 2 de setembro de 2008

Ser politicamente (in)correcto

Se há coisa que me põe os cabelos em pé é ouvir um daqueles comentários tão na moda: "isso é o politicamente correcto" ou, mais grave, "ele(a) é um(a) politicamente correcto(a)". Tais comentários têm duas leituras possíveis: ou estamos a chamar totó a alguém, ou a querer dizer que a pessoa não foi convicta no que disse, mas tomou uma posição que sabe de antemão ser socialmente bem aceite. A mim, parece-me que vivemos numa época em que é politicamente correcto ser-se politicamente incorrecto. Damos sempre um ar de "enfants terribles", de desalinhados ou, ainda mais romântico, de desajustados, incompreendidos, mas genuinos. Tretas! Não é por aí que mostramos a diferença, que damos um cunho mais pessoal e original à nossa existência.
Eu posso dizer: "é um filho da mãe!". Mas, se quiser dar um toque mais politicamente incorrecto (ou mal educado!) ao comentário posso optar por "é um filho da puta!". Filho da mãe é uma expressão mais macia, mais socialmente aceite. E qual é o mal? Se pensarmos nos milhares de milhões de seres humanos que acordaram esta manhã e chegarão ao fim do dia sem terem dado um murro em ninguém, começaremos a compreender que há algum sentido em sermos politicamente correctos!
Por outro lado, chamar-se politicamente correcto (leia-se totó) a alguém por abraçar causas nobres ou defender ideias que entende serem as correctas, é ainda mais deprimente. Quando por exemplo alguém acusa um outro de ser picuinhas por usar a expressão negro em vez de preto, deveria ir assistir a um jogo de futebol para ouvir das bocas de analfabetos e de doutores(?) frases como: "Vê-se mesmo que és preto!", "só podia ser o preto!" e reflectir sobre as picuinhices de alguns que teimam em respeitar o próximo!
Estou farto da merda dos politicamente incorrectos!

2 comentários:

Vital disse...

Oscar, estou preocupado contigo. Já ouviste falar de Columbine. Não transformes a nossa vilinha em tema de telejornal. Pelo sim pelo não, vou dar-te o número do meu psiquiatra. De qualquer das formas, se quiseres optar pelo meu conselho (embora nem sempre funcione)a quem quer que te tenha chateado manda-o fazer amor à bruta com a progenitora - embora esta expressão seja politicamente correcta...

©arloslemos disse...

Ping, bong, poing trummm... hã? Quem sou eu? Como é que me chamo? Hã? Que dor de cabeça...hã?