Tanto quanto sei, a principal causa da crise financeira norte-americana esteve relacionada com crédito mal-parado sobretudo no sector imobiliário. Os gestores dos bancos (os tais especuladores!), pressionados por OBJECTIVOS DEMASIADO AMBICIOSOS, aliciaram as famílias a recorrer ao crédito fácil para compra de habitação. É claro que, com o aumento do desemprego, muitas dessas famílias (sobretudo os negros e os hispânicos) não puderam cumprir as suas obrigações. O resultado foi o que se viu.
Em Portugal, o governo dito socialista quer agora implementar o modelo neo-liberal (com a tão apreciada EFICÁCIA!..) na escola pública. Os professores, no contexto da avaliação da sua carreira vão ter que definir, no início de cada ano, os seus objectivos individuais. Estes, terão que incidir sobretudo na taxa de sucesso e na taxa de abandono escolar. "Este ano proponho que as minhas turmas tenham uma taxa de sucesso de 90%, e que a taxa de abandono seja inferior a 5%". Como é possível um professor, à partida, ter como meta a aprovação de 90% dos seus alunos? E os outros 10%? É claro que nem sempre é possível passar todos os alunos. Mas devemos partir desse pressuposto? Quanto a mim, um profissional que no início do ano tenha como objectivo a reprovação de 10% dos seus alunos devia ir "acartar tijolo e baldes de massa"!!! Não está a fazer nada na escola.
Os professores, completamente atarantados com tanta mudança, tanta novidade, perderam ó espírito crítico. Comem a palha que lhes aparece à frente (ou será que sou eu que estou a ficar maluco?).
Qual o resultado de tudo isto? Não me parece que venha a ser grande coisa... a não ser que o sistema mais uma vez "coma o modelo de cebolada" e fique tudo na mesma. Do mal, o menos!
6 comentários:
Oscar, não posso estar de acordo contigo nisto, mas estou de acordo noutra coisa: o «sistema» come qualquer modelo de cebolada porque o sistema é constituído pelos tugas.
Agora misturares a má gestão de muitos economistas e bancários e clientes de bancos com o princípio da falta de metas não está correcto.
E é bem verdade que o bom professor é aquele que tem mais alunos (absentismo reduzido) e mais aprovações (gostam mais da matéria). Não podes pensar que 250 mil professores são todos oscares. Muitos - na minha estimativa científica entre 20 e 30% - deviam estar a «acartar tijolos e a chapar massa...».
E já agora se não esses, quais os objectivos de um professor? Fica ao critério de cada... professor?
Vamos por partes:
a) A única meta de qualquer professor deve ser ajudar os seus alunos a aprender mais e melhor. Nesse processo pode e deve ser avaliado.
b) Avaliar os professores pelos resultados dos seus alunos (nº de aprovados/nºtotal de alunos) tem, como podes adivinhar,efeitos bastante preversos (sobretudo no caso dos alunos mais preocupados com a sua carreira que com os seus alunos).
c) A gestão por objectivos quantitativos pode ter algum(?) sucesso em actividades como produção de batatas ou automóveis; é completamente contraproducente em contextos nos quais a matéria prima são pessoas.
d)Naturalmente, os resultados globais vão melhorar (em termos de sucesso). Mas, à custa de quê? Cada vez mais vai haver um fosso entre a preparação (real) dos alunos e os seus resultados (virtuais).
e)É muito básico e simplista pensar-se que as aprovações estão unicamente relacionadas com o "gostar da matéria". Muitas vezes isso não acontece (e é completamente impossível que aconteça sempre!). Estudar tem uma componente obrigatória de sacrifício e de esforço pessoal.
f) Acerca da cebolada e dos tugas: é tempo de te deixares de embirrações com os #seres da tua espécie!" A história da cebolada e do sistema é uma regra universal!
g) A má gestão, como referes, até poderá ter acontecido. No entanto, o problema é mais fundo. Reside no paradigma neo-liberal vigente. A obsessão pelo lucro a qualquer preço; a crença na auto-regulação dos mercados; a ideia mirabolante do "crescimento negativo"... mais tarde ou mais cedo isto tinha que dar o estouro!
Errata: onde se lê alunos, deve ler-se professores (alínea b)
Oscar, cedo o passo porque certamente tu sabes mais de educação do que eu e provavelmente até tens justificação para as queixas. O que eu contesto é que vás buscar chavões tipo paradigma neo-liberal auto-regulação dos mercados etc.
Essa dos neo-cons é típica das stars pop a facturar à custa de todos nós, os tolinhos...
Nunca houve tanta regulação, auto, hetero, cinto e suspensórios como agora. O sistema como tu lhe chamas evolui favoravelmente. É uma espécie de mão invisível do Adam Smith a tratar (lentamente é certo) da saúde ao sistema.
Quanto aos tugas etc., já não posso com a comiseração. Porra eu queria ter nascido na Noruega, na Nova Zelândia, em Vermont, no Canadá, em Heidelberg, na Dinamarca, na Austrália. Não pedi para nascer aqui e agora não posso fazer nada...
Também podias ter nascido na Somália, no Afeganistão, no Chade ou na Coreia do Norte...
Nesse caso iria dizer que gostaria de ter nascido em Portugal...
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