Não sou economista. Não quero (nem posso!) dissertar sobre economia. A minha compreensão sobre os fenómenos económicos e financeiros é limitada. Há, no entanto, acontecimentos que fazem reflectir (e pensar que talvez não seja o único a não saber do assunto...):
Durante esta semana temos sido invadidos com notícias de uma grave crise financeira iniciada nos EUA. Primeiro faliu o Lehman Brothers, o quarto maior banco americano. Depois, foi a AIG, a maior seguradora mundial (40 mil apólices em Portugal!) em grave risco de fechar as portas. Tanto quanto sei, as razões da crise não surgiram (pelos menos em boa medida) do sector económico.
- Estas realidades merecem as seguintes considerações:
a) Economia e finanças são cada vez mais dois mundos distintos. O financeiro navega num espaço virtual baseado no pressuposto que dinheiro gera dinheiro sem que por trás nada de concreto seja produzido, seja criado (Estes romanos são loucos!);
b) Este quadro propiciou o surgimento de um novo grupo social: o dos especuladores (tendencialmente marginal e perigoso!!!);
c) Afinal, as virtualidades do neo-liberalismo (e da tão propalada auto-regulação dos mercados)não são assim tão óbvias...
d) Como sempre, quem vai pagar a factura da crise são os milhões de europeus desempregados, os milhões de africanos famintos, os milhões de escravos asiáticos, os milhões de americanos atirados para o desemprego e miséria.
P.S. Quando ouvi a notícia do risco de falência da seguradora vieram-me à memória discursos de políticos ditos de "direita" sobre as enormes vantagens de deixar ao sector privado a gestão das nossas reformas. Gostaria que esses senhores comentassem a situação das pessoas que ficaram de "mãos a abanar" depois de anos e anos de poupança pessoal.
2 comentários:
Confesso que sempre fui adepto da ideia de deixar ao critério dos contribuintes a opção de quem deveria gerir as suas poupanças "para a reforma e para a doença"...
Hoje tenho dúvidas... já não sei o que pensar...
Desculpem mas o problema não vem dos políticos de direita, nem tão pouco dos de esquerda, com quem simpatizo ainda menos. O problema é que ainda está para nascer o politico que, sem tiranias, consiga convencer os demais legisladores e magistrados que estes casos são casos de polícia. Se estes gestores incorressem numa pena de prisão por cada cidadão prejudicado, apanhariam perpétua. O criminoso tem cada vez mais direitos. Tanto que os papeis inverteram-se e agora já é mais difícil ser honesto e prová-lo em tribunal, do que ser criminoso e viver em liberdade.
Não me recordo de ter sido punido alguém pela queda da ponte de Entre-os-Rios. Nem pela queda de aviões por falta de algum tipo de manutenção ou de segurança da parte dos construtores. Nem pelos vários desastres ambientais causados pelas companhias petrolíferas. Algumas reincidentes. Levam com multas, por vezes pesadas mas os responsáveis pelas empresas não são julgados. É um completo sistema de impunidade e de desresponsabilidade, em que quem é administrador, ministro ou presidente da república, é quando muito, apenas e tão só demitido.
E se por acaso alguém os consegue levar a tribunal, eles dão a volta de tal maneira que no fim do processo ainda pedem indemnizações chorudas ao estado! Quando o cidadão, que não é ministro nem presidente de um clube de futebol, se tiver um engano na segurança social ou nas finanças a seu favor, espera meses, às vezes anos para receber o que é seu por direito e sem juros!!!
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