domingo, 1 de março de 2009

As primeiras já começaram a chegar...


Andorinha-das-chaminés, Hirundo rustica, 16/4/2008


Vi, esta semana, as primeiras andorinhas de 2009. Um novo ciclo reprodutivo está prestes a iniciar-se. A espiral do tempo avança sem cessar, parece mesmo acelerar à medida que os anos passam... digo-o, no entanto, sem mágoa, nem angústia (pelo menos para já!...).


De repente, vem-me à memória este poema de Alberto Caeiro:

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

Belas palavras, as do poeta...

3 comentários:

Vital disse...

É duma grande metafísica este Caeiro. Grande pessoa era este Fernandinho ia ao vinho...
Vou morrer (vamos todos) sem nos apercebermos TOTALMENTE da genialidade dele...

Deibaidei disse...

Poemas à parte ( foi bem esgalhado, Sr Óscar) já senti no ar o cheiro da Primavera, mas de andorinhas ainda nenhuma. Amanhã vou passar o dia a olhar para o céu.

K disse...

Belas palavras de facto