Obra grande de um escritor maior, Vergílio Ferreira, «Manhã Submersa» já assustou muito aluno quando era (julgo que já não é) obra de leitura obrigatória no secundário.
Mas como tudo o que é obrigatório nestas matérias foi largamente subestimado e olhado de soslaio e é pena pois a obra de cariz autobiográfico dá-nos uma leitura muito interessante, contida e bem narrada do Portugal de então.
Este romance, de 1953, descreve o despertar para a vida de um jovem, entre a austeridade da casa senhorial, a terra, a neve, a sua aldeia natal (Linhares, na Serra da Estrela) e o silêncio omnipresente das paredes do seminário.
Por ali passam a repressão na educação, a pobreza da terra, as desigualdades sociais, o desejo no corpo em formação, a amizade e o amor. Que mais pode pedir um leitor?
O livro foi posteriormente (1980) adaptado ao cinema por Lauro António, com o próprio Vergílio Ferreira salvo erro no papel de Reitor do Seminário.
Lê-se de uma penada. E vale muito a pena...
Sem comentários:
Enviar um comentário