quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Josefa, a bombeira

"Josefa, 21 anos, a viver com a mãe. Estudante de Engenharia Biomédica,
trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária. Acumulava
trabalhos e não cargos - e essa pode ser uma primeira explicação para a não
conhecermos. Afinal, uma jovem daquelas que frequentamos nas revistas de
consultório, arranja forma de chamar os holofotes. Se é futebolista, pinta o
cabelo de cores impossíveis; se é cantora, mostra o futebolista com quem
namora; e se quer ser mesmo importante, é mandatária de juventude.
Não entra é na cabeça de uma jovem dispersar-se em ninharias acumuladas: um
curso no Porto, caixeirinha em Santa Maria da Feira e bombeira de Verão.
Daí não a conhecermos, à Josefa. Chegava-lhe, talvez, que um colega mais
experiente dissesse dela: "Ela era das poucas pessoas com que um gajo sabia
que podia contar nas piores alturas."
Enfim, 15 minutos de fama só se ocorresse um azar... Aconteceu: anteontem,
Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi
apagar de graça. A morte de uma jovem é sempre uma coisa tão enorme para os
seus que, evidentemente, nem trato aqui. Interessa-me, na Josefa, relevar o
que ela nos disse: que há miúdos de 21 anos que são estudantes e
trabalhadores e bombeiros, sem nós sabermos.
Como é possível, nos dias comuns e não de tragédia, não ouvirmos falar das
"Josefas que são o sal da nossa terra?"

Por FERREIRA FERNANDES, Diário de Notícias

Ela merece os 15m de glória...
Vamos dar-lhe um minuto de atenção.
E honrar a sua memória, que o seu exemplo seja seguido por muitos !!!

1 comentário:

Óscar disse...

Infelizmente a etiqueta deveria ser outra, deveria dizer "o mundo que temos".