domingo, 13 de dezembro de 2009

Duas notas com doces de Natal

Por força de uma menor intervenção cirúrgica (já tou melhor, obrigadinho!) fiquei praticamente desligado do mundo uma série de dias. E sofri o que sempre sofro quando me religo: um pequeno choque. Tudo era (quase) novo para mim. Fico hipersensível (sim, é verdade, ainda mais) e é aí que me apercebo de algumas atitudes que são tão quotidianas, habituais e triviais que me passam sempre ao lado.
Por exemplo, reparei na agressividade com que os pais e outros adultos falam com as crianças e na total falta de paciência para com os «velhotes». E pus-me a pensar: que lição nos dariam os africanos, como alguns que eu conheci, se nós não fôssemos tão arrogantes e modestamente conseguíssemos perceber duas coisas:
- os povos africanos não batem nas suas crianças;
- para eles, o respeito pelos mais velhos é uma religião e uma obrigação intuitiva. Mais: são a Autoridade.
É por estas e por outras semelhantes que o tuga como povo não vai a lado nenhum, por muitos TGV´s, aeroportos, pontes, escolas e estradas que construam. O essencial nunca é o betão, mas o coração. Nunca é o alcatrão mas a emoção (isto é só para rimar). Nunca é a acção, mas a educação.
Dito isto, e aparentemente a despropósito, também gostaria de dizer que para mim o Natal está muito ligado aos docinhos que a minha avozinha fazia e aqui está uma listinha (cá está uma tuguice: os diminutivos):
- formigos
- sopas secas
- filhoses (com calda)
- rabanadas (com calda)
- sonhos (com calda)
- bilharacos (com calda)
- arroz doce (sem calda, mas com canela)
- aletria
- azevias
- broas de canela
- sopa dourada
- leite creme
- coscorões
- tronco de Natal
- bolo podre (mas tão bom)

Mesa onde falte isto, de cozinheira de mão cheia de amor, também é de Natal, mas não é a mesma coisa.
E cerejas em aguardente velha (tipo ginjinha) para enfrentar o sincelo da noite na serra. E, claro, Vinho do Porto, de que darei uma lista proximamente.

2 comentários:

Óscar disse...

Uma lista completa de fazer água na boca! Tnes toda a razão no que dizes acerca dos velhos e das crianças. Só temos a ganhar se nos deixarmos de tiques de superioridade e de arrogância e soubermos aprender com outros.

Óscar disse...

... e já agora desejos de uma recuperação rápida!