quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Eu estou contra...

Esta coisa dos unanimismos provoca em mim o contrismo. Eu nasci do contra e vou morrer do contra. Por isso não li «A insustentável leveza do ser» nem o «Nome da Rosa» não vi «A Guerra das Estrelas», nem esses filmes do Peter Jackson cujos nomes não recordo. Por isso não tenho partido, clube ou religião.
Por isso, afirmo e atesto desde já estou contra a Obamania, esta coisa do ontem fomos todos americanos. Eu nunca fui americano e sobretudo ontem também não com aquela pirosada para TV transmitir e papalvo ver achando que ali está alguma solução. Uma prosápia deslambida da audacity of hope. Hope em quê, podem explicar-me sem ser com um chorrilho de lugares comuns? Reparem hoje foram suspensos os julgamentos em Guantánamo. Suspensos? E então que fazem aos arguidos durante os 120 dias? Libertam-nos? Mantêm-nos presos mais 120 dias? Vai ser este o tom desta administração: empurrar todos os dossiers com a barriga...
Aposto que ninguém sabe quem foi o 38º presidente dos Estados Unidos e não sabem distinguir essa política da de Carter, Clinton ou Reagan.
Todos os patós adoram figuras messiânicas e então se vierem vestidas de «common man» que lutou contra tudo e com um discurso oco que agrada a todos, tanto melhor...
Talvez os mais obamistas não saibam que ganhou duas eleições a nível estadual só porque a hipocrisia americana quanto às virtudes morais dos candidatos não tem paralelo nos últimos 30 séculos. Um dos adversários de Obama, de longe à frente nas sondagens e unanimemente tido por mais capaz, foi pura e simplesmente afastado por ter envolvido a própria mulher numas brincadeiras sexuais.
Mas aposto que os obamistas já têm engatilhadas todas as desculpas para os fracassos, marasmos e mais do mesmo que aí vem. Vejamos:
- Calma, o homem ainda só lá está há oito meses.
- É preciso dar tempo. Estes problemas não se resolvem em dois anos.
- Não se pode fazer tudo de repente.
- É preciso mais do que um mandato.
- Nos segundos 4 anos, é que vai ser.
- Vão ver, a partir de agora é que é.
- As contas fazem-se no fim dos oito anos.
- Ele bem tentou, mas sozinho não conseguia nada.
- Os outros é que não deixaram, etc. etc.

Depois do que foi o século XX, ver milhões de pessoas a ver, a dizer e a sentir o sentem em relação a uma pessoa, que arvoram em salvador de várias pátrias não cessa de me causar espanto.

E em face disto tenho que voltar a Einstein: «Só há duas coisas infinitas no Universo: o Espaço e a Estupidez Humana. E sobre a primeira tenho dúvidas...»

5 comentários:

Óscar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Óscar disse...

Apanhas-me já cansado para te responder à letra. Mesmo assim aqui ficam umas observações apesar de respeitar a tua opinião):
1- Essa história de ser do contra é sempre o caminho mais fácil e ainda por cima dá um certo ar de "infant terrible" que fica sempre bem. E pena que quando os EUA invadiram o Iraque não te tivesses manifestado de uma forma tão veemente.
2- Se não leste o Nome da Rosa ou a Insustentável Leveza do ser foi pena porque perdeste dois excelentes livros (só pelo facto de terem sido badalados na altura).
3- A suspensão dos julgamentos em Guantánamo vai permitir que uma série de prisioneiros (aqueles que estão para ser condenados à morte - porque a pena de morte ainda existe do lado de lá do Atlântico- )adiem a hora em que vão perder a vida, para além de dar o tempo necessário a encontrar-se uma forma civilizada de resolver a situação.
4- O que é que eu espero do Obama? Com certeza não é o milagre da multiplicação dos pães... espero que ajude a resolver de uma satisfatória e num tempo que não seja demasiadamente longo a crise económica; que volte a pôr os EUA nos trilhos da justiça internacional; que estimule as políticas ambientais de que o seu país anda arredado.
5- Que deixe de hostilizar os seus aliados tradicionais.
6- Que contribua para diminuir as tensões mundiais.
7- Que fomente políticas sociais (saúde, educação,..) no seu país natal.
8- Que contribua com o seu exemplo para que aberrações da humanidade como são o racismo e a xenofobia se atenuem progressivamente.
Acredito que o seu contributo vai ser positivo.

Kmett N’Ojo disse...

PRECISAMOS DE UM SISTEMA POLITICO NOVO. URGENTEMENTE.
NÃO PRECISAMOS DE MAIS NADA!

Anónimo disse...

Desculpem lá, mas aquele mete mesmo nojo! Devia vir aqui ao blogue, como eu, e se não tivesse nada de jeito a dizer, ficar caladinho.

K disse...

O meu comentário vai para o Anónimo supracitado, em formato "Álvaro de Campos":

Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida ...
Sou isso, enfim ...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.