domingo, 8 de junho de 2008

"YES WE CAN!" (DO WHAT?...)

O fenómeno Obama é verdadeiramente fascinante. Lentamente, fui sendo seduzido pela onda de entusiasmo que se espalhou rapidamente pelo mundo. Os seus discursos são absolutamente electrizantes! O carisma não deixa ninguém indiferente.
Os EUA é o país dos contrastes: se por um lado desperta um sentimento de ressentimento (e inveja!) pela arrogância, prepotência e desrespeito com que trata os seus parceiros mundiais, não deixa de ser verdade que tem uma capacidade única de surpreender. Obama é o último exemplo.
As eleições nos EUA têm talvez maiores implicações na nossa vida do que as que ocorrem no próprio país de origem. Mas, este facto indesmentível não justifica, por si só, todo o interesse que o candidato democrata tem suscitado nos quatro cantos do planeta. É a sua forma de estar na política, a sua força, a ruptura com os interesses instalados que motivam este entusiasmo global. Pressente-se uma saída para o empasse da política mundial contemporânea.
Esta vaga de entusiasmo também me contagiou. Todavia, há uma certa resistência semi-consciente (talvez fruto da minha formação) que me faz ficar de "pé atrás". E se tudo não passa de um embuste? Afinal quais são as políticas alternativas?
A História ensinou-nos que é um erro colossal deificar os políticos dirigentes das nações. Mas será que não vale a pena arriscar e "ir a jogo"? (Até parece que sou eleitor americano!...) Vou continuar bastante atento...

3 comentários:

©arloslemos disse...

"Yes we can" se continuasse-mos sempre em campanha eleitoral. Mas como ela está preste a acabar, as ilusões também.

Tulius Detritus disse...

"Sou o filho de um homem negro do Quénia, e de uma mulher branca do Kansas. Cresci com a ajuda de um avô branco, que sobreviveu à Grande Depressão, para servir no exército de Patton, durante a II Guerra, e de uma avó branca, que trabalhava numa linha de montagem de bombardeiros. (…)"
E continua: "Frequentei as melhores escolas da América, e vivi numa das nações mais pobres do Mundo. Sou casado com uma americana negra, que tem sangue de escravos e de proprietários de escravos. (…) Tenho irmãos, sobrinhos, tios e primos de todas as raças e aspectos, espalhados pelos continentes. Até ao fim da vida, nunca esquecerei que a minha história não seria possível, em qualquer outro país do Mundo. É uma história que faz com que eu não seja o candidato convencional. Mas essa história fez, na minha construção genética, aceitar a ideia de que esta nação é mais do que a soma das suas partes. Do múltiplo, somos uma unidade".

Fantástico.
Artigo completo em

http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?opiniao=Nuno Rogeiro

K disse...

Nada sei de política.
Alguém disse:
- eu nada ligo à política
- olha, isso já é má política

Não sei o que FernandoPessoa diria dessa política, mas será que diria:

Porque é que um sono agita
Em vez de repousar
O que em minha alma habita
E a faz não descansar?
Que externa sonolência,
Que absurda confusão,
Me oprime sem violência
Me faz ver sem visão?

Entre o que vivo e a vida,
Entre quem estou e sou,
Durmo numa descida,
Descida em que não vou.

E, num infiel regresso
Ao que já era bruma,
Sonolento me apresso
Para coisa nenhuma.