Em jeito de acta atrasada - já que a última tertúlia teve lugar na passada sexta-feira -, e como ninguém resolveu fazê-la , aqui fica um poema de Jorge Luís Borges cujos (de)méritos foram tema principal de uma conversa acalorada entre as pataniscas e o arroz de feijão.
Sim, eu sei que já publiquei este poema no blogue há algum tempo atrás. Mas como não tenho um conhecimento muito aprofundado da sua obra, e como o acho de uma beleza e uma verdade absolutamente arrasadoras, volta a trazê-lo por cá (na esperança que desta vez seja alvo de uma maior atenção por parte dos leitores...).
Sim, eu sei que já publiquei este poema no blogue há algum tempo atrás. Mas como não tenho um conhecimento muito aprofundado da sua obra, e como o acho de uma beleza e uma verdade absolutamente arrasadoras, volta a trazê-lo por cá (na esperança que desta vez seja alvo de uma maior atenção por parte dos leitores...).
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Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.
Jorge Luís Borges
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