segunda-feira, 21 de junho de 2010

Saramago e eu...

Por esta altura já todos devem saber que eu sou do contra. E sou contra por exemplo este unanimismo,flatulento, em torno de Saramago, só porque morreu, coisa que, eventualmente, qualquer um de nós conseguirá fazer.
É tudo de um parolismo envergonhante: então vai um avião de carga da Força Aérea com a ministra da cultura lá dentro buscar o féretro? Então o homem pagava os impostos em Espanha, escrevia em Espanha, publicava em Espanha, dizia mal de Portugal por todos os cantos e ainda sou eu e os outros contribuintes a pagar o funeral de estadão. Não há vergonha. E a cobertura televisiva? Não há palavras. Eu digo: os portugueses já têm tudo, menos bom senso.
Eu não gostava da personalidade por várias razões:
- defendia sempre o ponto de vista mais fácil;
- punha as células partidárias ao serviço do seu marketing pessoal;
- era mais vaidoso que uma sevilhana;
- era um autor rebuscado, pouco natural e presunçoso na escrita;
- foi um autocrata que despediu a torto e a direito quando esteve no jornalismo;
- era um esquerdista de letra que se emproava todo com os dourados da burguesia, etc. etc.
- tinha ao seu serviço um marketing tal que recebeu de mão beijada a Casa dos Bicos;
- sabia que num país atrasado e profundamente católico atacando a Igreja tinha a polémica assugurada.
E por aí fora.

Eu na década de 80 (e noventa) também fui influenciado e comprei várias coisas dele. Mais tarde, numa festa do Avante, um amigo num repente encontrou um livro dele numa feira e, vendo-o, entregou-o para o autografar.
Eu, ao lado, tentei o humor, largando esta:
- «Mestre, não se limite a assinar o nome, deixe algo personalizado. Pode valer no futuro e é mais interessante».
Ele, ao lado de Tavares Rodrigues, olhando-me do cimo do seu trono majestático, e numa voz áspera:
- «Está a espera do quê? Que eu faça aqui uma ode pindérica?».
Claro que eu fiquei mudo. Devo ter corado. Envergonhado por esta chicotada. Ele lá assinou o livro com enfado, certamente a pensar que quem estava na Festa do Avante já seria um apaniguado.
Nunca mais comprei nenhum livro dele. Claro.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não é que concorde integralmente com o que este "Vital" cheio de "vitalidade" escreve contra este "portugues" nobilizado alegadamente comunista, mas uma coisa é certa, ainda bem que o dito não desejou repousar no Panteão Nacional pois arriscar-se-ia a ser Saramago no Panteão igual a "Sarapantão".
Onofre dos Prazeres Y Moraes

Óscar disse...

Não há dúvida que pluralismo é o que não falta cá no monami6f!

©arloslemos disse...

E além de que o seu nome devia ser Xosé Saramiego, não deveria ter direito a etiqueta própria no blog. Paz à sua alma que ele acha que não tem.