terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Duas notas e uma lista

O BPN ainda existe?
São precisos mais 500 milhões de euros para aguentar o BPN. Mas aguentar o quê? Não seria mais sensato utilizar esses 500 milhões para pagar o despedimento dos 1700 trabalhadores do banco? Nacionalizado em Novembro de 2008, o BPN continua a funcionar com capitais negativos (activos tóxicos) no valor de 1,9 mil milhões de euros. Perdeu mais de 60% dos clientes. E vai perder mais. E os administradores que a Caixa Geral de Depósitos lá pôs parece que andam a brincar com o dinheiro dos contribuintes. Há pelo menos vinte quadros, entre ex-administradores e directores do BPN, «que recebem o salário mas não estão a trabalhar desde meados de 2008.» (v. Expresso, 18-12-2010) Terá sido para isso que a CGD lá meteu 4,8 mil milhões de euros?
Mesmo ao desbarato, ou seja, por 180 milhões de euros, ninguém quis comprar o BPN. O Montepio, o BIC e o Barclays franziram o nariz ao caderno de encargos.
Talvez por um euro. E mesmo assim...
Vai ser um banco sem clientes, mas com dinheiro. O nosso.

PRESIDENTE? QUAL PRESIDENTE?
Já repararam no friso dos candidatos presidenciais? É por isto que estamos como estamos. São estes os melhores portugueses? Ora vou ali e já volto! Ou melhor, se for, não volto.
A cada nova charla na televisão aumenta o desprezo universal. O presidente da AMI estarreceu o país com o episódio das crianças famintas disputando pão do bico das galinhas, saga Feira de Custóias em versão neo-realista que talvez lhe garanta o 4.º lugar. Manuel Alegre, lui-même, invoca a doutrina social da Igreja. A propósito: que é feito dos cem escritores e intelectuais de fino recorte que andaram com ele ao colo em 2006? E a Cavaco, esse intelectual, resta o quê, se 70% ou 80% dos eleitores mandarem as eleições às malvas? Ser o presidente de 20 ou 30% dos eleitores?
Tristeza...
Os deputados deviam aproveitar o processo de revisão constitucional em curso para impor o mandato presidencial único e nem sequer dilatando a vigência do cargo dos actuais cinco para sete anos.

Aqui ficam as minhas escolhas de 2010. É tarde, mais ainda dá para oferecer como prenda de Natal. Quinze títulos de ficção, poesia, ensaio, diarística e história:

Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos
Tony Judt, Trad Marcelo Felix, Edições 70
A Alma Conservadora
Andrew Sullivan, Trad Miguel de Castro Henriques, Quetzal
A Mecânica da Ficção
James Wood, Trad Rogério Casanova, Quetzal
A Viagem dos Inocentes
Mark Twain, Trad Margarida Vale de Gato, Tinta da China
Cem Poemas
Emily Dickinson, Trad Ana Luísa Amaral, Relógio d’Água
As Aventuras de Augie March
Saul Bellow, Trad Salvato Telles de Menezes, Quetzal
O Cairo Novo
Naguib Mahfouz, Trad Badr Hassanein, Civilização
Ascensão e Queda do Comunismo
Archie Brown, Trad não indicado, Dom Quixote
Da Tragédia à Farsa
Slavoj Zizek, Trad Miguel Serras Pereira, Relógio d’Água
Renascer
Susan Sontag, Trad Nuno Guerreiro Josué, Quetzal
O Apogeu de Miss Jean Brodie
Muriel Spark, Trad Margarida Periquito, Ahab
A Traição de Rita Hayworth
Manuel Puig, Trad Cláudia Clemente, Ulisseia
Matteo Perdeu o Emprego
Gonçalo M. Tavares, Porto Editora
O Corpo em Pessoa
Anna M. Klobucka e Mark Sabine (eds.), Trad Humberto Brito, Assírio & Alvim.

1 comentário:

Óscar disse...

Concordo em absoluto com as tuas considerações e agradeço as (muitas) sugestões.