terça-feira, 31 de março de 2009

Carlos do Carmo: um homem na cidade

Agarro a madrugada
Como se fosse uma criança
Uma roseira entrelaçada
Uma videira de esperança
Tal qual o corpo da cidade
Que manhã cedo ensaia a dança
De quem por força da vontade
De trabalhar nunca se cansa
Vou pela rua desta lua
Que no meu Tejo acendo cedo
Vou por Lisboa a maré nua
Que desagua no Rossio
Eu sou um homen na cidade
Que manhã cedo acorda e canta
E por amar a liberdade
Com a cidade se levanta
Vou pela estrada deslumbrada
Da lua cheia de Lisboa
Até que a lua apaixonada
Cresça na vela da canoa
Sou a gaivota que derrota
Pelo mau tempo no mar alto
Eu sou um homem que transporta
A maré povo em sobressalto
E quando agarro a madrugada
Colho a manhã como uma flor
À beira mágoa a desfolhada
Um malmequer azul na cor
O malmequer da liberdade
Que bem me quer como ninguém
O malmequer desta cidade
Que me quer bem que me quer bem
As minhas mãos a madrugada
Abriu a flor de Abril também
A flor sem medo perfumada
Com o aroma que o mar tem
Flor de Lisboa bem amada
Que mal me quis
Que me quer bem

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