"E porque o Miguel é o modelo, o paradigma, a caricatura, a referência, a língua, o cu de todos eles, merece um filme antes que se lembrem de lhe dar o nome de uma rua".
quinta-feira, 31 de março de 2011
quarta-feira, 30 de março de 2011
Eric Clapton renascido
No último encontro monami fomos parar ao Hot Five, um bar muito simpático com música ao vivo onde pudemos assistir a um excelente concerto de homenagem a Charlie Parker proporcionado por um quinteto dirigido pelo nosso bem conhecido Paulo Gomes. Para além da excelente música tocada pela banda, tivemos ainda a oportunidade de ver Eric Clapton ao vivo em vídeo. Mas que agradável surpresa: Clapton deixou-se de tocar musiquinhas estilo RFM e regressou aos bons velhos tempos dos Blues! Aqui fica uma amostra...
terça-feira, 29 de março de 2011
Julian Treasure
Das excelentes experiências que tive a oportunidade de viver no último TEDx O'Porto, a comunicação de Julian Treasure, Listen!, foi a "cereja em cima do bolo". Dado que esta ainda não está disponível na net, deixo aqui uma anterior (também muito interessante mas sem atingir o mesmo brilhantismo).
domingo, 27 de março de 2011
PASSA-SE ESTE BLOG
Mnemónicas
Este excerto do programa do Jô Soares fez-me lembrar os tempos de liceu e as mnemónicas "loucas" que inventávamos para Química Orgânica... o PVP e o PJ sabem bem do que falo...
Invariavelmente passavam por chorrilhos de palavrões e ordinarices cuja recordação ainda hoje quase me faz corar... o facto é que davam óptimos resultados... e 30 anos mais tarde ainda me lembro, por exemplo, como distinguir e nomear os anéis benzénicos com 2 ramificações em função das posições das mesmas...
sábado, 26 de março de 2011
Um país (cada vez mais) à rasca
quinta-feira, 24 de março de 2011
O sonho do meu amigo...
Esta história é para o Hagarra que gosta de histórias com sabor a cacimbo.
À noite, mal deitei os miúdos, larguei o Sandokan, peguei num livro sobre memórias coloniais. O autor escreve muito bem, sem pretensões ou artifícios, desfiando memórias dolorosas sem tornar a dor banal. Mas, lido o livro, percebi uma coisa. Cada um tem a sua África. A minha África é diferente da África dele e da dos outros. Não encontro nas memórias da minha família desprezo ou ódio. Nenhum. A minha África é uma história que cada um de nós carrega uma memória nostálgica, longínqua, perfeita, cada vez mais perfeita, com o passar do tempo, sem nunca lhe mexer. É uma história com apenas três personagens: o homem a trabalhar; a mãe a trabalhar e a cuidar da casa e de mim, e eu, o menino sem memória.
Mas lembro-me de um vizinho, um mulatinho pouco mais novo do que eu, que brincava comigo na varanda da minha casa. Era um menino triste de órfão.
À míngua de mãe, eu emprestava-lhe a minha, e uma vez, lembro-me bem, ele aninha-se no colo dela e pede-lhe “mamã, faz-me cabelo de branco”.
À noite, mal deitei os miúdos, larguei o Sandokan, peguei num livro sobre memórias coloniais. O autor escreve muito bem, sem pretensões ou artifícios, desfiando memórias dolorosas sem tornar a dor banal. Mas, lido o livro, percebi uma coisa. Cada um tem a sua África. A minha África é diferente da África dele e da dos outros. Não encontro nas memórias da minha família desprezo ou ódio. Nenhum. A minha África é uma história que cada um de nós carrega uma memória nostálgica, longínqua, perfeita, cada vez mais perfeita, com o passar do tempo, sem nunca lhe mexer. É uma história com apenas três personagens: o homem a trabalhar; a mãe a trabalhar e a cuidar da casa e de mim, e eu, o menino sem memória.
Mas lembro-me de um vizinho, um mulatinho pouco mais novo do que eu, que brincava comigo na varanda da minha casa. Era um menino triste de órfão.
À míngua de mãe, eu emprestava-lhe a minha, e uma vez, lembro-me bem, ele aninha-se no colo dela e pede-lhe “mamã, faz-me cabelo de branco”.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Uma questão de boa educação...
Os que me conhecem sabem que não sou patriota. Não gosto de Portugal. Nunca gostei. Não pedi para nascer em Portugal e só pelo facto de aqui ter nascido não me faz ter orgulho nisso.
De facto, eu sou japonês, porque se pudesse era ali que teria escolhido nascer.
As razões são as seguintes:
«Não há notícias de pilhagens ou violência. Pelo contrário, supermercados que continuam de portas abertas estão a reduzir os preços, proprietários de máquinas de bebidas estão a distribuí-las gratuitamente. Sem revolta, espera-se horas em filas para ter o que comer. Os sem-abrigo partilham taças de arroz, as viagens de carros de dez horas, rumo ao Norte, fazem-se sem buzinadelas. Supermercados recebem clientes de forma racionada, não se entra sem que alguém saia, e ninguém força a entrada. Há filas para tudo: para comer, pôr gasolina, comprar água, carregar o telemóvel. Filas que ninguem fura. No meio deste caos inédito, a ordem de sempre.
Quando uma equipa de salvação encontrou uma mulher que estava há horas presa sob um armário de livros, a primeira coisa que ela fez foi pedir desculpa pelo incómodo e perguntar se não haveria ninguém, naquele lugar, que fosse mais urgente ajudar. O mesmo com as pessoas transportadas em macas que, mal se levantam, fazem uma pequena vénia a agradecer. Vistos de cima, os centros de acolhimento mostram minúsculas ilhas demarcadas por paredes improvisadas feitas de caixas de cartão, dentro das quais cada família mantém os seus bens arrumados com graça e precisão geomética. Wenceslau de Moraes (1854-1929), sensível cronista do Oriente, ajuda-nos a perceber e explica como a tradição da cortesia vem da cultura de hospitalidade, como 'os indivíduos não contam', como 'o melhor da sua existência é partilhar as alegrias' e como o amor pela Natureza é uma 'fonte de felicidade e consolo'».
Disto eu teria orgulho...
De facto, eu sou japonês, porque se pudesse era ali que teria escolhido nascer.
As razões são as seguintes:
«Não há notícias de pilhagens ou violência. Pelo contrário, supermercados que continuam de portas abertas estão a reduzir os preços, proprietários de máquinas de bebidas estão a distribuí-las gratuitamente. Sem revolta, espera-se horas em filas para ter o que comer. Os sem-abrigo partilham taças de arroz, as viagens de carros de dez horas, rumo ao Norte, fazem-se sem buzinadelas. Supermercados recebem clientes de forma racionada, não se entra sem que alguém saia, e ninguém força a entrada. Há filas para tudo: para comer, pôr gasolina, comprar água, carregar o telemóvel. Filas que ninguem fura. No meio deste caos inédito, a ordem de sempre.
Quando uma equipa de salvação encontrou uma mulher que estava há horas presa sob um armário de livros, a primeira coisa que ela fez foi pedir desculpa pelo incómodo e perguntar se não haveria ninguém, naquele lugar, que fosse mais urgente ajudar. O mesmo com as pessoas transportadas em macas que, mal se levantam, fazem uma pequena vénia a agradecer. Vistos de cima, os centros de acolhimento mostram minúsculas ilhas demarcadas por paredes improvisadas feitas de caixas de cartão, dentro das quais cada família mantém os seus bens arrumados com graça e precisão geomética. Wenceslau de Moraes (1854-1929), sensível cronista do Oriente, ajuda-nos a perceber e explica como a tradição da cortesia vem da cultura de hospitalidade, como 'os indivíduos não contam', como 'o melhor da sua existência é partilhar as alegrias' e como o amor pela Natureza é uma 'fonte de felicidade e consolo'».
Disto eu teria orgulho...
segunda-feira, 14 de março de 2011
O Homem, uma réstea de esperança na incerteza do dia a dia
Linha severa da longínqua costa -
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstrata linha
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte -
Os beijos merecidos da Verdade.
(Fernando Pessoa)
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstrata linha
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte -
Os beijos merecidos da Verdade.
(Fernando Pessoa)
sábado, 12 de março de 2011
Gosto de ... Christian Schmidt.
Nasceu em Goettingen, 1970, e é actualmente fotografo freelancer. Vencedor de prestigiados prémios desde 2002. Conheçam a sua obra em www.christianschmidt.com/
Uma Escola para tolos?
Uma escola para tolos?
O teimoso prosseguimento da implementação das actuais medidas de política educativa anuncia uma clara mudança de paradigma: a transição do modelo sixtie da “escola para todos”, para o modelo pós-modernista da “escola para tolos”.
A grande reforma educativa sorvida dos quentes e vibrantes anos do final da década de sessenta, consubstanciada nas filosofias do Maio de 68, apontava para uma escola aberta, universal, inclusiva, interclassista, meritocrática, solidária, promotora da cidadania e, até, niveladora, no sentido que deveria esbater as desigualdades sociais detectadas à entrada do percurso escolar.
Os professores passavam a ser mediadores da aprendizagem, promotores da socialização e do trabalho partilhado. Os alunos metamorfoseavam-se em aprendentes activos, participativos, concretizadores, co-líderes da sala de aula e do rumo a dar às planificações. Os pais, descolarizados ou iletrados, por vergonhosa opção de quatro décadas de ditadura, entregavam os seus filhos naqueles centros de promoção do sucesso social. Era a escola aberta à comunidade, uma escola moderna, que se impunha à escola tradicional. Era, enfim, a escola para todos.
Com o decorrer dos anos, os governantes, lá no alto do seu douto saber, entenderam que, já agora, os professores e a escola poderiam também cumprir uma imensidão de funções até então cometidas ao Estado, às famílias e à sociedade. Mesmo que não tivessem tido preparação para isso, os professores tinham demonstrado que sabiam desenvencilhar-se e, sobretudo, que não sabiam dizer não.
E desde então, essas passaram também a ser tarefas e funções da escola e dos seus docentes. A partir desse momento singular, passámos a ter uma escola que, por acaso, também era um local de aprendizagem formal, mas que, sobretudo, se foi desenvolvendo como um espaço de aprendizagens sociais, informais, socializadoras. E foi assim que se baralhou e se desvirtuou uma escola que, altruisticamente, queria ser para todos, transformando-a numa escola onde tudo cabia. Era a escola para tudo.
Mais recentemente (reportando-nos ao baronato de Maria de Lurdes Rodrigues e ao principado de Isabel Alçada), entendeu-se que a escola gastava muito e os professores,
numa indolência secular, pouco faziam. Logo, quem sabe? até poderiam ser substituídos uns pelos outros, à molhada, degradantemente. Ou até secundarizados por skinnerianas máquinas de ensinar, que apressadamente se viram baptizadas de Magalhães, porque os governantes portugueses gostam que a história, tal como as telenovelas, se repita.
Aos professores, era exigido que reincarnassem de novo: uns em avaliadores, outros em avaliados; uns em directores, outros em assessores, outros em assessorados; uns em titulares, outros em titulados, uns em relatores, outros em ralados. Porém, desta vez, a culpa não ia morrer solteira. Mas, para isso, revelava-se necessário desviar as atenções: o resvalar da escola não podia ser atribuído ao acumular dos insucessos de continuadas e desastrosas políticas educativas. Com o derrapar da instituição escolar, a responsabilidade tinha que ser apenas atribuída a um dos actores: aos docentes, claro… e, logo, à sua falência profissional. Acreditam? Pois… é a escola para tolos.
O que eles não sabem nem sonham é que os professores têm dentro de si a força regeneradora do saber, da cultura e da utopia social. Modelando sabiamente os seus alunos, são os construtores de futuros. Dentro e fora da escola querem partilhar a discussão do amanhã, porque aprenderam que ter, é ceder e partilhar.
Infelizmente, como humanos que são, também erram: do seio da escola por vezes saem maus políticos e, logo, más políticas. Mas não é por isso que se deixam abater, já que exercem uma profissão que exige a reflexão permanente, a busca de consensos, e a capacidade de ser persistente, sem teimosia.
Hoje, e talvez por estarmos à beira de uma pressentida reedição do Maio de 68, com os jovens na rua a contestarem as políticas e os políticos que se enredaram em rotinas de salamaleques e na narcísica gestão das suas imagens e carreiras, fazemos nossas as palavras dos Deolinda: “ E fico a pensar/ que mundo tão parvo/ onde para ser escravo/é preciso estudar”.
João Ruivo
jruivo@almada.ipiaget.org
A mudança
A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro.
Foi John Kennedy quem o disse, não eu.
Foi John Kennedy quem o disse, não eu.
quarta-feira, 9 de março de 2011
Miséria...!
Por favor convençam-me que o dinheiro não dá felicidade ... eu preciso de acreditar!!!
terça-feira, 8 de março de 2011
domingo, 6 de março de 2011
O Povo da erva
A Natureza vista de um ângulo inédito! Pequenos animais em tamanho gigante. A sua vida pode ser tão interessante quanto qualquer filme de ficção científica. Dirigido e concebido pelos biológos franceses Claude Nuridsany e Marie Pérennou, "Microcosmos" levou mais de 15 anos para ficar pronto, entre pesquisa e desenvolvimento de equipamentos. O resultado é um belíssimo espetáculo de cores e "efeitos especiais" naturais.
sábado, 5 de março de 2011
Além-Tédio
Nada me expira já, nada me vive -
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam-me até as coisas que não tive.
Como eu quisera, emfim de alma esquecida,
Dormir em paz num leito de hospital...
Cansei dentro de mim, cansei a vida
De tanto a divagar em luz irreal.
Outrora imaginei escalar os céus
À força de ambição e nostalgia,
E doente-de-Novo, fui-me Deus
No grande rastro fulvo que me ardia.
Parti. Mas logo regressei à dor,
Pois tudo me ruiu... Tudo era igual:
A quimera, cingida, era real,
A propria maravilha tinha côr!
Ecoando-me em silêncio, a noite escura
Baixou-me assim na queda sem remédio;
Eu próprio me traguei na profundura,
Me sequei todo, endureci de tedio.
E só me resta hoje uma alegria:
É que, de tão iguais e tão vazios,
Os instantes me esvoam dia a dia
Cada vez mais velozes, mais esguios...
Mário de Sá-Carneiro
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam-me até as coisas que não tive.
Como eu quisera, emfim de alma esquecida,
Dormir em paz num leito de hospital...
Cansei dentro de mim, cansei a vida
De tanto a divagar em luz irreal.
Outrora imaginei escalar os céus
À força de ambição e nostalgia,
E doente-de-Novo, fui-me Deus
No grande rastro fulvo que me ardia.
Parti. Mas logo regressei à dor,
Pois tudo me ruiu... Tudo era igual:
A quimera, cingida, era real,
A propria maravilha tinha côr!
Ecoando-me em silêncio, a noite escura
Baixou-me assim na queda sem remédio;
Eu próprio me traguei na profundura,
Me sequei todo, endureci de tedio.
E só me resta hoje uma alegria:
É que, de tão iguais e tão vazios,
Os instantes me esvoam dia a dia
Cada vez mais velozes, mais esguios...
Mário de Sá-Carneiro
quarta-feira, 2 de março de 2011
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